O ex-presidente Lula resiste na preferência de um a cada três brasileiros. Os eleitores seguem determinados a resistir aos expedientes do juiz Sérgio Moro, na tentativa de afastar o líder petista do público votante.
Por Redação - de São Paulo
Diretor-geral do Instituto Datafolha, Mauro Paulino disse, nesta sexta-feira, que as pesquisas realizadas colocam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na qualidade de maior líder do país. O petista é lembrado como "um político confiável, mesmo com as acusações; mesmo com todo o noticiário desde o mensalão; a condução coercitiva, o depoimento ao (Sérgio) Moro e, agora, a prisão". Segundo Paulino, um em cada três eleitores apoia e irá votar em Lula; ou no candidato que ele indicar.
Até agora, segundo disse executivo em entrevista a um dos jornais das Organizações Globo, o pré-candidato do PSB, ex-ministro do STF Joaquim Barbosa foi a única novidade no horizonte. Paulino avalia que Barbosa é visto por parte do eleitorado como o Lula intelectualizado; ou o Fernando Henrique. Alguém que pode se conectar com o povo. Ele entra na disputa bem colocado pelo recall de sua atuação no caso do ‘mensalão’ no STF.
— Isso é recall e lembrança da atuação dele no caso do ‘mensalão’. Ele entra na disputa não só com uma taxa de intenção de votos significativa; mas com algumas características que podem ser importantes neste momento. Por exemplo: se compararmos com Lula e com Marina Silva, ele também tem uma origem humilde. No entanto, ao contrário de Lula, ele estudou e teve sucesso. Chegou a um cargo muito importante; mesmo com sua origem humilde, tendo sido faxineiro — afirmou.
Votos de esquerda
Segundo o diretor do Datafolha, a empresa realizou “uma pesquisa muito importante há 20 anos; uma qualitativa, cuja conclusão foi de que o candidato ideal para o eleitor brasileiro seria uma mistura de Lula com Fernando Henrique”.
— Alguém que tivesse a origem e o conhecimento dos problemas como o Lula e a erudição e o preparo intelectual do Fernando Henrique. O Joaquim Barbosa, de certa forma, concretiza isso. Se isso for bem comunicado, ele pode inclusive abocanhar votos da esquerda — acrescentou
Segundo Paulino, contudo, há um obstáculo quase intransponível para a candidatura de Marina Silva.
— Apesar do alto recall das duas campanhas presidenciais anteriores; de ser vista pelo eleitorado como alguém de fora do universo político tradicional; alguém não explosiva, diferentemente de Ciro Gomes e Joaquim Barbosa, ela "terá pouco tempo de propaganda para expor seus argumentos. E pode ser desconstruída se ameaçar crescer, como ocorreu em 2014 — adicionou.
Bateu no teto
Com uma bancada de seu partido (Rede) diminuta e sem alianças, Marina arrisca-se a ter apenas 11 segundos na TV, numa eleição na qual, segundo Paulino, "a TV talvez tenha até importância maior do que na eleição passada”; por conta do tempo reduzida da campanha.
Ainda segundo o diretor do DataFolha, o deputado Jair Bolsonaro (PSC/RJ) parece ter "batido no teto”:
— Do início do ano até aqui ele parou de crescer. Isso de fato pode indicar que ele atingiu o teto. Não dá para afirmar ainda, precisaríamos ter mais tomadas. Mas eu desconfio que sim, que ele atingiu o teto e precisa abrir o leque de discurso — disse.
Caso Bolsonaro permaneça com o mesmo discurso e o mesmo padrão de radicalismo, todavia, é possível que ele fique nesse patamar ou caia; principalmente porque, aparentemente, ele não vai ter tempo na TV.
— Ele se movimenta muito bem nas redes sociais, mas me parece que nesse aquário ele já pescou todos os peixes — conclui.