Agentes da ultradireita espalham que Lula é 'a bola da vez'

Arquivado em:
Publicado Terça, 04 de Agosto de 2015 às 11:09, por: CdB
Por Redação - de São Paulo: A prisão do líder petista José Dirceu elevou o risco de um novo ataque ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por parte de setores da extrema direita, aliados à mídia conservadora e à Justiça Federal do Paraná. O último relato sensacionalista sobre a Operação Lava Jato, que tem o juiz Sergio Moro na condução rumorosa das ações policiais, é o vazamento sobre as investigações da Polícia Federal (PF), que teria passado a cogitar, abertamente, as suspeitas contra o antecessor da presidenta Dilma Rousseff. A mídia tem prestado um papel de destaque ao estilo do juiz Moro de conduzir as ações judiciais. Informações vazadas, cirurgicamente, para determinados meios de comunicação permitem, por exemplo, que redes de TV mobilizem não apenas suas equipes em terra, com caminhões para transmissão ao vivo estacionados na vizinhança da residência do ex-ministro José Dirceu, horas antes da chegada dos agentes da PF para o cumprimento da ordem de prisão; até helicópteros que acompanharam a viatura na qual Dirceu seguiu para a cadeia. Neste ambiente espetacular, o ex-presidente Lula surge como uma espécie de 'bola da vez'.
dirceu-preso1.jpg
Dirceu foi conduzido da prisão domiciliar para a prisão estadual do Paraná
Nesta manhã, o diário Valor Econômico – de propriedade das Organizações Globo e do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo – afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria agora sob "o radar" da Operação Lava Jato. O diário cita "uma autoridade diretamente envolvida nas investigações", sem declinar o nome, como fonte da informação. – Por enquanto são suspeitas. Ele (Lula), por ora, não é investigado. Mas ele está no radar – teria dito a fonte ao jornal. A matéria, escrita sem que nenhuma outra fonte a confirme, vai adiante e afirma que "investigadores" observam o fato de o ex-presidente ter recebido "pagamentos a título de remuneração por palestras de empresas investigadas na Operação Lava Jato. Aliás, no mês passado, foi aberto um inquérito no Ministério Público Federal (MPF) para investigar o petista por suposto tráfico de influência". O jornal não cita, porém, que a ação foi interpelada por advogados do ex-presidente e encontra-se embargada. Mas, logo em seguida, contradiz-se: "Nenhum dos delatores disse que os pagamentos recebidos por Lula foram propina", teria afirmado a tal fonte ao jornal Valor. O ex-presidente, por meio de sua assessoria, já havia comprovado a legalidade das palestras. O mesmo veículo, de propriedade cruzada entre os dois maiores conglomerados de comunicação do país – ambos em franca campanha pela derrubada da presidenta Dilma – aproveita para disseminar mais suspeitas no ambiente político, ao afirmar que "a prisão de Dirceu, no âmbito da Lava Jato, acirrou ainda mais os ânimos contra o PT e a presidenta Dilma Rousseff". A afirmação, porém, é atribuída ao "Palácio do Planalto", novamente sem um nome capaz de comprová-la. Na tentativa de resgatar alguma credibilidade, cita outro diário conservador paulistano, O Estado de S. Paulo, para novamente afirmar, sem citar a fonte, que "auxiliares de Dilma temem que a investigação atinja Lula, mesmo sem provas concretas". O jornal diz, ainda, que "o assunto foi tratado em conversas reservadas entre ministros, ontem, antes da reunião de coordenação política", sem que um repórter sequer tivesse acesso ao ambiente. Para deixar a situação ainda mais tensa, Valor afirma, vagamente, que "petistas teriam recebido informações de que integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público estariam dizendo aos presos: 'Se você entregar o Lula, sairá rapidinho”. Reação Diante de reações extremadas, de militantes que declaram, publicamente, estar dispostos a deixar o PT, a legenda praticamente não se mobilizou para sair em defesa do ex-ministro José Dirceu, após sua prisão, a não ser por uma nota concisa, assinada pelo presidente da legenda, Rui Falcão . O fato gerou protestos nas redes sociais e na mídia independente. "A prisão preventiva do ex-ministro da Casa Civil não é apenas decisão arbitrária, sem provas e motivos razoáveis, o que já bastaria para ser fortemente questionada. Além de estar sob regime de prisão domiciliar, à disposição da Justiça, os próprios procuradores alegam que a incriminação contra o líder petista está exclusivamente apoiada sobre duas delações premiadas cujas provas de verificação sequer foram colhidas", afirmou o jornalista Breno Altman, editor do site Opera Mundi. O próprio ex-presidente Lula, ao perceber a gravidade dos fatos, reuniu-se com líderes sindicais na cerimônia de posse da nova diretoria do Sindicato dos Bancários do ABC, semana passada, para avaliar a realidade. Apesar dos últimos acontecimentos, ele disse não ter “medo de ser otimista”, apesar do cansaço que sente pela perseguição e criminalização às esquerdas do Brasil.
Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo