Alemanha irá acolher centenas de refugiados para fortalecer programa da UE

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Publicado Terça, 23 de Agosto de 2016 às 07:33, por: CdB

A Itália recebeu mais de 420 mil imigrantes que chegaram por mar desde o início de 2014, segundo dados oficiais

Por Redação, com agências internacionais - de Roma/Berlim:   A Alemanha concordou em acolher centenas de imigrantes que estão retidos na Itália, uma medida que pode ressuscitar o fracassado programa de realocação da União Europeia, disse o ministro do Interior da Itália, Angelino Alfano, nesta terça-feira.
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A Alemanha concordou em acolher centenas de imigrantes que estão retidos na Itália
Como parte de um acordo para aliviar a pressão sofrida pelos Estados fronteiriços da Europa na crise imigratória, no ano passado a Comissão Europeia concebeu um plano com a meta de transferir milhares de recém-chegados da Itália e da Grécia para outros membros da UE. Pelo esquema, até 40 mil imigrantes poderiam ser transferidos da Itália ao longo de dois anos, mas até agora só algumas centenas foram levados de avião, e muitos aliados do bloco parecem relutar em dar abrigo a refugiados e postulantes a asilo. – Até o momento, a realocação está sendo um verdadeiro fracasso – disse Alfano à TV Republica. – (Mas), soubemos que a partir de setembro centenas de refugiados poderão ir todos os meses para a Alemanha. Se as coisas correrem bem com a Alemanha, achamos que também irão correr bem com outros países – acrescentou. A Itália recebeu mais de 420 mil imigrantes que chegaram por mar desde o início de 2014, segundo dados oficiais.

Como refugiados dividem a Alemanha

São imagens simbólicas: homens, mulheres e crianças, a maior parte da Síria, Afeganistão e Iraque, marcham num fluxo interminável em direção ao norte, através da chamada "rota dos Balcãs". Centenas de milhares de refugiados chegam à Alemanha no verão europeu de 2015 e nos meses seguintes. "Nós vamos conseguir", diz a chanceler federal alemã Angela Merkel em 31 de agosto em Berlim. Uma frase que se tornou lema central de sua política para os refugiados. Essa política mudou a Alemanha? E se mudou, de que maneira? Por encomenda da agência alemaã de notícias DW, entre 15 e 17 de agosto o instituto de pesquisa Infratest Dimap fez um levantamento de como os cidadãos pensam sobre o assunto, entrevistando cerca de mil eleitores alemães. Foram propostas quatro declarações sobre as possíveis consequências da política de refugiados, com as quais os entrevistados podiam concordar ou não. O sistema educacional e social da Alemanha ficará muito sobrecarregado. Estimativas otimistas apontam que a manutenção dos refugiados vai custar 15 bilhões de euros por ano. Quem chega tem que ser, em primeiro lugar, alojado e alimentado. A integração só é possível para quem aprende alemão e recebe educação. Para tal são necessários professores, assim como para lecionar e atender as crianças nas creches e escolas. Será que os sistemas educacional e social alemães estão sobrecarregados? Sim, diz uma pequena maioria dos entrevistados. Sobretudo os adeptos do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) temem uma sobrecarga; apenas 15 entre 100 entrevistados não concordam com a afirmação. Quem fala alemão, tem boa instrução e está apto para trabalhar deveria ter uma boa chance de encontrar seu lugar no mercado de trabalho alemão. A Alemanha está diante de um assustador desafio demográfico. A população está envelhecendo, diminui cada vez mais o número de jovens. As empresas sentem os efeitos disso: para cada 100 desempregados já existem quase 200 vagas para profissionais especializados. Os refugiados poderiam preencher essas lacunas? A coisa não é tão simples assim. Na Alemanha, as áreas de engenharia mecânica, automotiva e elétrica são responsáveis por 20% da produção econômica. Já nos países de origem dos refugiados, essas indústrias não têm tradição. Portanto, as condições e qualificações são praticamente inexistentes. Ainda assim, uma ligeira maioria dos entrevistados pensa que a economia alemã será reforçada pelos trabalhadores imigrantes.

A Alemanha ficará economicamente mais forte

Tal como como na questão dos sistemas educacional e social, são também os eleitores do partido AfD a dizer que não veem benefícios econômicos no afluxo de refugiados. Nove entre cada 10 entrevistados é dessa opinião. Independentemente das preferências partidárias, são principalmente os mais jovens e com diploma de ensino superior ou renda alta a acreditarem que os refugiados vão beneficiar a economia alemã. Aqueles acima de 50 anos ou que possuem no máximo o grau secundário não concordam com a afirmação.

A imigração deixará a Alemanha mais diversificada

O afluxo de refugiados não trará consequências só para a economia, mas também para a sociedade. Já agora a Alemanha é colorida e diversificada, especialmente nas grandes cidades. No futuro, essa impressão será intensificada. Os alemães acham que isso é bom? Novamente, para além da proximidade com certos partidos de direita, especialmente os mais jovens e mais instruídos acham que uma sociedade diversificada é uma boa coisa. Passará a ocorrer mais atentados terroristas na Alemanha. Também são os mais jovens e instruídos que tendem a negar uma conexão entre a política de refugiados de Angela Merkel e um aumento de ataques terroristas. Quanto mais velhos os entrevistados e quanto menor o seu nível de instrução, mais provável é acreditarem que no futuro haverá mais ataques na Alemanha. A preferência político-partidária é decisiva também nessa questão: apenas sete entre 100 eleitores do AfD são da opinião de que não haverá mais ataques terroristas no futuro na Alemanha. O resultado da pesquisa mostra que os alemães julgam a política de Merkel para os refugiados de forma bastante diferenciada, com tendência a um equilíbrio entre as opiniões negativas e positivas. Apenas entre os eleitores do Partido Verde e do AfD notam-se tendências extremas. A grande maioria destes últimos acredita que a política para refugiados terá impacto invariavelmente negativo sobre o país. Por sua vez, cerca de três quartos dos adeptos dos verdes estão seguros que o país vencerá os desafios e lucrará com o afluxo migratório.  
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