Alta recorde do dólar é minimizada mas consolida o declínio econômico

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Publicado Quinta, 13 de Fevereiro de 2020 às 11:51, por: CdB

Indagado sobre a fala da véspera do ministro da Economia, Paulo Guedes, que ao defender o atual patamar do dólar, chegou a criticar que anos atrás até empregada doméstica estava viajando para a Disney, Bolsonaro evitou comentar e disse que respondia somente pelos seus próprios atos.

 
Por Redação - de São Paulo
  O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que, como cidadão, considera que a cotação do dólar ante o real está “um pouquinho” alta, um dia depois de a moeda norte-americana fechar em recorde ante o real e, na abertura desta quinta, renovar as máximas históricas.
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Nesta manhã, o dólar avançava ao patamar histórico de R$ 4,3840 na venda, com repercussão geral na economia, após o discurso do ministro Paulo Guedes
— Dólar. Eu, como cidadão, (acho que) está um pouquinho alto. Está um pouquinho alto o dólar — disse Bolsonaro a jornalistas ao deixar o Palácio da Alvorada nesta manhã. Indagado sobre a fala da véspera do ministro da Economia, Paulo Guedes, que ao defender o atual patamar do dólar, chegou a criticar que anos atrás até empregada doméstica estava viajando para a Disney, Bolsonaro evitou comentar e disse que respondia somente pelos seus próprios atos.

Disparada

Depois de operar em alta no início da sessão e chegar a renovar sua máxima recorde intradia acima de R$ 4,38, o dólar passava a recuar marginalmente contra o real após o Banco Central anunciar leilão extraordinário para esta quinta feira. Enquanto Bolsonaro falava sobre a cotação da moeda norte-americana, o BC queimava o colchão de dólares deixado por governos anteriores, para o caso de uma emergência. Todos os contratos de swap tradicional da oferta de até US$ 20 mil, com vencimentos em agosto, outubro e dezembro de 2020, foram negociados em um leilão que se seguiu à disparada do dólar à máxima histórica de R$ 4,3840. — Claramente foi o leilão de swap anunciado pra hoje que gerou esse movimento, mesmo que temporariamente, mas não está claro se essa queda vai permanecer. Se o BC percebe disfuncionalidade de mercado ele atua, e se o dólar continuar em trajetória excessiva o Banco Central vai continuar atuando — disse Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.

Doença

Às 10h40, o dólar recuava 0,22%, a R$ 4,3410 na venda, depois de abrir em alta acentuada devido a temores sobre o surto de coronavírus e a comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o câmbio. O ministro, em evento em Brasília, reforçou na quarta-feira que o Brasil mudou seu modelo, abandonando o de “juro na lua e câmbio baixo, desindustrializando o Brasil”, na linha de comentários recentes sobre o dólar mais alto ser um novo normal. No cenário internacional, autoridades de saúde de Hubei, epicentro do surto de novo vírus na China, disseram que 242 pessoas morreram por causa da doença na quarta-feira, o crescimento mais acentuado na contagem diária.

Rolagem

Roberto Cardassi, CEO da BlueBenx, citou o surto como um dos fatores para o rali recente do dólar a máximas recordes, alertando que “se a crise do coronavírus se alastrar, pode gerar situação de risco para parceiros comerciais da China, como o Brasil”. No exterior, em meio à cautela generalizada, o dólar ganhava contra boa parte das divisas arriscadas, como peso mexicano, lira turca, rand sul-africano, dólar australiano e iuan chinês. O índice da divisa dos EUA contra uma cesta de moedas rondava a estabilidade. O Banco Central ofertará ainda nesta quinta-feira até 13 mil contratos de swap tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, entre 11h30 e 11h40, para rolagem de contratos já existentes.

Ações

A bolsa paulista, por sua vez, começava a quinta-feira no vermelho, pressionada pelo viés negativo no exterior, após revisão na metodologia no registro de casos de coronavírus na China levar a um aumento recorde no número de novas mortes provocadas pela infecção e milhares de novos casos da doença. O penúltimo pregão da semana ainda era marcado pela repercussão a resultados corporativos brasileiros, incluindo os números do Banco do Brasil e da Suzano. Às 10h05, o Ibovespa caía 0,48 %, a 116.119,52 pontos. O Ibovespa abriu a 116.659,69 pontos, com oscilação negativa de 0,01%,  após fechar na sessão anterior em alta de 1,13%.
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