Ataque palestino prejudica início das negociações de paz em Nova York

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Publicado Terça, 16 de Julho de 2002 às 23:29, por: CdB

Após três semanas de relativa tranqüilidade, um atentado palestino, com pelo menos oito israelenses mortos e outros 20 feridos, na Cisjordânia, ofuscou o início das conversações do Quarteto sobre o Oriente Médio, em Nova York, nesta terça-feira. O ataque de três palestinos trajando uniforme de soldado israelense contra um ônibus que transportava colonos judeus aconteceu poucas horas antes de diplomatas de alto nível e políticos dos Estados Unidos, União Européia, Rússia e ONU iniciarem a discussão da planejada reforma da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e o futuro do presidente Yasser Arafat. Os terroristas pararam o ônibus com um explosivo, abriram fogo contra os passageiros em fuga e em seguida contra o ônibus. Pelo plano do secretário de Estado americano, Colin Powell, Arafat seria substituído por um primeiro-ministro, passando a ter um papel apenas representativo. Em todas as suas diferenças, israelenses e palestinos estão de acordo num ponto: o governo do presidente americano George W. Bush vai fazer pressão maciça para Arafat deixar a presidência. Os outros membros do Quarteto (UE, ONU e Moscou) e os governos árabes fazem objeção ao plano americano para tirar Arafat do poder e insistem em considerá-lo representante legítimo do povo palestino. Plano americano Segundo a imprensa de Israel, Powell tem um projeto de Constituição para um futuro Estado palestino. Ele prevê primeiramente a eleição de um Parlamento que elegerá, por sua vez, um primeiro-ministro. A seguir, o presidente Arafat se encarregaria apenas de tarefas representativas e passaria a ser uma figura simbólica, como são os chefes de Estado nos sistemas parlamentaristas fortes. No seu discurso sobre o Oriente Médio, no final de junho, o presidente Bush condicionou o apoio dos Estados Unidos à criação de um Estado palestino a mudanças profundas na Autoridade Nacional Palestina (ANP) que pudessem levar a uma solução do conflito, como a destituição de Arafat da presidência da ANP. Washington parece, todavia, não querer a expulsão de Arafat para o exílio, como gostaria o primeiro-ministro israelense linha dura, Ariel Sharon. É incerto uma aprovação do plano de Powell. O chefe da diplomacia americana concorda com a sugestão do ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Joschka Fischer, para a eleição de um primeiro-ministro palestino e a criação de uma presidência sem poderes políticos. Mas, em cooperação com os palestinos, países árabes como o Egito, Jordânia e Arábia Saudita desenvolveram um plano próprio, pelo qual se realizaria, em 2003, eleições parlamentares e presidenciais nos territórios palestinos. Em seguida seria criado um Estado palestino independente, cujas fronteiras definitivas seriam delimitadas nos dois anos seguintes. Os representantes da ANP rejeitam categoricamente uma deposição do presidente Arafat. Estão participando do encontro em Nova York o presidente do Conselho de Ministros da UE e chanceler dinamarquês, Per Sitg Möller, o coordenador da política externa comum européia, Javier Solana, o ministro russo do Exterior, Igor Ivanov, e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Os ministros do Exterior do Egito, Jordânia e da Arábia Saudita estão sendo esperados em Washington nesta quarta-feira.

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