Aumenta violência e discriminação contra muçulmanos nos EUA

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Publicado Terça, 15 de Julho de 2003 às 12:08, por: CdB

A violência e a discriminação contra muçulmanos está em alta nos Estados Unidos, ainda por causa dos atentados de 11 de setembro de 2001, diz um relatório do Conselho das Relações Americano-Islâmicas, divulgado nesta terça-feira.

O Conselho, com sede em Washington, afirmou que recebeu 602 denúncias de discriminação contra muçulmanos em 2002, aumento de 15 por cento em relação ao ano anterior.

Além disso, ganhou força o que o conselho chama de "retórica islamofóbica", especialmente após os atentados cometidos pela Al Qaeda em Nova York e Washington, em que 15 dos 19 suspeitos eram sauditas.

Após o 11 de Setembro, o Departamento de Justiça interrogou e prendeu centenas de imigrantes árabes em todo o país, especialmente por violações à lei de imigração.

- Além de um aumento no número de casos relacionados a distorções, temos testemunhado também resultados negativos produzidos pela política governamental de visar a norte-americanos comuns com base em sua religião, origem étnica ou nacional - disse o diretor de pesquisas do Conselho, Mohamed Nimer.

- É essa culpa por associação que criou um sentimento de cerco na comunidade muçulmana norte-americana - acrescentou.

Nos primeiros dias após os atentados, o governo Bush deixou clara sua intenção de se aproximar da comunidade islâmica do país para evitar abusos contra ela.

- Entretanto, após esse período inicial de apoio, algumas políticas governamentais passaram a destacar indivíduos ou organizações muçulmanas - disse o relatório.

O conselho acusou o Departamento de Justiça de continuar agindo "em nome do combate ao terrorismo quando na verdade seu alvo indiscriminado são os árabes e muçulmanos".

As medidas tomadas após o 11 de Setembro incluem registros especiais para estudantes e visitantes de países islâmicos. Citando exemplos, o Conselho disse que três entidades beneficentes muçulmanas foram efetivamente fechadas desde dezembro de 2001, e agora estão envolvidas em batalhas jurídicas contra o governo.

O relatório também menciona dados do FBI para dizer que os ataques a pessoas, instituições e empresas ligadas à fé islâmica pularam de 28 em 2000 para 481 em 2001.

O texto também detalha o que chama de "incidentes de perfil policial", em que muçulmanos foram interrogados durante atividades cotidianas, como andar nas ruas ou passear em shoppings.
Alguns grupos islâmicos relataram ataques violentos.

Na Flórida, um homem atirou seu caminhão contra o Centro Islâmico de Tallahassee em 25 de março de 2002, enquanto em Andover, Massachusetts, um ônibus escolar que acabara de ser adquirido pela Academia Islâmica da Paz foi incendiado.

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