Bolsonaro tenta se esquivar de denúncia sobre apoio à ditadura

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Publicado Sábado, 26 de Setembro de 2020 às 11:54, por: CdB

O ’03’ depôs na PF na última terça-feira e, confrontado com uma declaração ao blogueiro Allan dos Santos, investigado no inquérito por atos subversivos, recuou e tentou amenizar a ameaça de interrupção do regime democrático.

Por Redação - de Brasília

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) tentou tirar o corpo fora de denúncia na qual ameaça a democracia brasileira e faz apologia à ditadura militar. Segundo relatório vazado para a mídia conservadora, neste sábado, o terceiro filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ’03’, como é chamado, disse à Polícia Federal (PF) que ao falar sobre "ruptura’ institucional" e "medida enérgica" do governo, referia-se a uma "cogitação futura e incerta".

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Eduardo Bolsonaro (03) disse que o que havia dito não era bem isso que a Polícia Federal havia entendido

O ’03’ depôs na PF na última terça-feira e, confrontado com uma declaração ao blogueiro Allan dos Santos, investigado no inquérito por atos subversivos, tentou amenizar a ameaça de interrupção do regime democrático. Em uma conversa, ao vivo, com o blogueiro de ultradireita, o parlamentar disse que "quando chegar ao ponto em que o presidente não tiver mais saída e for necessário uma medida enérgica, ele é que será taxado como ditador".

Perguntado por agentes federais quanto à declaração de que o golpe seria uma questão de tempo, o filho de Jair Bolsonaro afirmou que "foi uma análise de um cenário e não uma defesa de ideia, que a frase está na esfera de cogitação futura e incerta, que inexiste qualquer tipo de organização voltada para a subversão da ordem democrática”.

Regime militar

A PF também quis saber se ele dispunha de elementos ou dados para presumir que a "medida enérgica" de Bolsonaro não seria uma questão de "se", mas “de quando”. O deputado respondeu que a fala foi dita "no contexto dos acontecimentos de divergência entre os poderes Executivo e Judiciário".

O depoimento de Eduardo Bolsonaro aconteceu na condição de testemunha, e é o segundo filho do presidente a prestar depoimento no inquérito. A investigação mira a suposta existência de organização voltada para o financiamento e organização de atos antidemocráticos que pedem o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e a instauração de um regime militar.

WhatsApp

O deputado foi também questionado sobre seu relacionamento com o blogueiro Allan dos Santos, que trocou mensagens com um assessor militar do presidente Bolsonaro no qual ‘sugeriu a necessidade de intervenção militar’.  Apesar das evasivas, o parlamentar admitiu sua participação em grupos nos quais Allan dos Santos funcionava como uma espécie de moderador e que se reuniu com o blogueiro, na casa dele, em 2019.

Santos também organizava, por WhatsApp, reuniões semanais em sua residência para discutir ‘temas relacionados ao governo federal’ – Eduardo Bolsonaro teria participado de alguns encontros, segundo revelou um outro suspeito, no inquérito.

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