Bolsonaro tenta se equilibrar no cargo, muda de discurso e paga um preço alto por isso

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Publicado Segunda, 05 de Outubro de 2020 às 15:39, por: CdB

Se o enxame que apoia Bolsonaro está em polvorosa, a militante neofascista Sara Geromini lidera o vespeiro. Ela permanece em prisão domiciliar há cerca de quatro meses por promover atos em favor da ditadura militar. A extremista passou a usar das redes sociais para fustigar o presidente.

Por Redação - de Brasília
Com processos que se acumulam na Mesa Diretora do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso, capazes de não apenas significar seu afastamento da Presidência da República mas a perda de direitos fundamentais e até terminar preso, o mandatário neofascista Jair Bolsonaro (sem partido) tem aliviado nos tons da críticas aos demais Poderes da República. Mas a capitulação tem-lhe custado caro, no campo da ultradireita, onde concentra-se o maior apoio ao seu governo.
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Sara Winters, alterego da prostituta e espiã nazista das décadas de 30 e 40 na Inglaterra, lidera grupo neonazista em Brasília
Eleitores mais exacerbados levantaram, nas últimas horas, a ideia de que Bolsonaro traiu seus compromissos com o neofascismo, e obtiveram milhares de citações pelas redes sociais. Estão revoltados com o encontro do ‘mito’, como é conhecido, com o ministro Dias Toffoli, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro foi recebido com um forte abraço na mansão de Toffoli, em uma das zonas mais elegantes da Capital Federal. Seus apoiadores, então, passaram a divulgar a tag #BolsonaroTraidor, que esteve entre os assuntos mais comentados do Twitter, ao longo das últimas horas.

'Estuprado'

Responsável pela gestão da imagem de Bolsonaro junto ao público mais radical de direita, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), segundo filho do presidente (o ’02’), tentou acalmar os seguidores e explicar tamanha efusividade no abraço a Toffoli, um ministro indicado durante os governos do PT. “Se foto significasse algo, tem cada uma ‘impublicável’ de gente que admiro com antagônicos... Pautas de interesse do país travadas em todas as esferas há cerca de dois anos e tenta-se costurar alternativa para que o Brasil ande”, escreveu ’02’, no Twitter. Em uma nova publicação, o vereador passou a dizer que o pai está sendo “estuprado” por ex-apoiadores, em função do encontro fora da agenda presidencial com o ministro do STF. “Desperdiçam todo o trabalho que o governo vem fazendo para ‘estuprar’ um homem que sozinho não tem o poder que muitos acham que tem! Críticas são bem vindas, assim como qualidades não podem ser ignoradas! Ainda dá! Meu Deus!”, prosseguiu o vereador. O filho de Bolsonaro também publicou uma imagem do comentário que o pai teria supostamente escrito, no Facebook, a um eleitor que questionou o abraço a Toffoli. “Meu presidente, bom dia! O senhor pode explicar isto? Sou ‘eleito’ (sic) seu, só não quero ficar com dúvidas de nada”, escreveu o seguidor. “Preciso governar. Converso com todos em Brasília. Um abraço”, respondeu Bolsonaro.

Desabafo

Se o enxame que apoia Bolsonaro está em polvorosa, a militante neofascista Sara Geromini lidera o vespeiro. Ela permanece em prisão domiciliar há cerca de quatro meses por promover atos em favor da ditadura militar e da prisão de ministros do STF. A extremista, agora, passa a usar das redes sociais para fustigar o presidente. Em um desabafo emocionado na noite passada contra Jair Bolsonaro, a quem considerava um líder para prestar reverência, Sara Winter – codinome que assumiu em homenagem à prostituta e espiã nazista homônima – criticou o abandono a que está relegada, desde a prisão: "Da parte do Ministério dos Direitos Humanos, nada foi feito (sobre minha prisão). Nem da mãe, da amiga Damares. Nada.” Em outra mensagem, nas redes sociais, Sara Geromini foi adiante. "Sim, senhores, estão exonerando todos os que já tiveram contato comigo, a começar pelo Ministério da Damares. Estou cansada", escreveu.

General Heleno

“Afinal, a praga do Bolsonaro não é a esquerda, é a loirinha que causou tentando defendê-lo”, acrescentou. Geromini também não economizou críticas ao general Augusto Heleno, titular do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ela alega que o comando militar do governo ordenara ao grupo de ultradireita liderado por Sara Winter que amenizasse nas manifestações extremistas. "General Heleno me proibiu de gritar com a imprensa, de mandá-los embora, de gritar "globo lixo". Pq, né... coitadinho dos jornalistas que f… a vida do Bolsonaro todo dia. Eles precisam trabalhar, dona Sara! Não os incomode mais", escreveu. A militante alegou, ainda, que sofre de depressão, agravada por tendências suicidas. Ela disse, por último, que não vê o filho pequeno desde que foi presa pela Polícia Federal, em junho.
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