"New York Times" revela que consultas com inteligência da Rússia eram frequentes durante o ano que antecedeu a vitória eleitoral do republicano. Ligações coincidem com momento em que magnata começou a elogiar Putin
Por Redação, com DW - de Washington:
Membros da campanha eleitoral do presidente Donald Trump mantiveram contatos frequentes com altos funcionários da inteligência russa ao longo do ano que antecedeu a eleição norte-americana, revela em reportagem na terça-feira o jornal The New York Times.
A revelação, feita com base em registros telefônicos e em ligações interceptadas. Chega ao público um dia após a renúncia do assessor de Segurança Nacional Michael Flynn, que mentiu à Casa Branca sobre conversas que manteve com o embaixador russo em Washington.
O NYT diz que, segundo quatro fontes familiarizadas com as investigações. As comunicações entre a Rússia e a campanha de Trump foram interceptadas em atividades de rotina dos serviços de inteligência que monitoram cidadãos e autoridades russas conhecidas das agências norte-americanas
Segundo o jornal, agências de segurança e inteligência interceptaram as comunicações na mesma época em que descobriram provas de que a Rússia tentava sabotar as eleições presidenciais através de ciberataques ao Comitê Nacional do Partido Democrata.
Antes da posse do novo governo. O então presidente Barack Obama foi informado das comunicações. Entre supostos membros da inteligência russa e membros da campanha e funcionários das empresas Trump.
Ligações
As agências norte-americanas ficaram alarmadas com a quantidade de contatos. Ocorridos na mesma época em que Trump se pronunciava favoravelmente ao presidente russo, Vladimir Putin. O conteúdo das ligações, porém, não foi revelado pela reportagem.
As conversas gravadas não têm associação com os telefonemas de Flynn. Nos quais ele teria discutido com o embaixador russo as sanções impostas pelo governo Obama em reação à suposta interferência russa nas eleições.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer. Ele afirmou na terça-feira que o presidente sabia há semanas que Flynn tinha mentido para o governo. Especialmente para o vice-presidente Mike Pence, mas não tomou nenhuma atitude imediatamente.
Investigação independente
Enquanto aumentam os pedidos por uma investigação independente sobre a controvérsia envolvendo Michael Flynn, a Casa Branca. Informou que semanas de investigações internas não haviam encontrado evidências de má conduta. Mas que o episódio acabou comprometendo a confiança nele, motivo pelo qual o governo pediu sua renúncia.
Inicialmente, o governo tentou dar a impressão de que a decisão de remover Flynn se baseava no fato de que ele tinha mentido para o vice-presidente. No dia seguinte, porém, foi revelado que Pence, que havia publicamente defendido Flynn, foi informado sobre a situação apenas na última quinta-feira.
Republicanos e democratas no Congresso pedem que o caso seja investigado. Ainda que haja divergências sobre o alcance das investigações. Os democratas insistem que o presidente deve prestar esclarecimentos. Enquanto os republicanos querem manter o foco em Flynn.
O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, afirmou ser "altamente provável" que o ex-assessor tenha que testemunhar perante um comitê de inteligência do Congresso.