Candidaturas da Frente de Esquerda são lançadas no Circo Voador

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Publicado Quinta, 19 de Dezembro de 2019 às 13:03, por: CdB

Coube à deputada Benedita da Silva (PT-RJ), a Bené, tomar a iniciativa de chamar para o centro do palco do colega Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e anunciar que ambos formam a cabeça de chapa da Frente de Esquerda, para o ano que vem.

 
Por Redação - do Rio de Janeiro
  A multidão que lotou o emblemático Circo Voador, casa de shows na Lapa, Centro do Rio, para ouvir e aplaudir o líder petista e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conheceu, na noite passada, a chapa que concorrerá contra os adversários da direita e ultradireita que se apresentam para as eleições do ano que vem.
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Ao lado de Benedita e Freixo, Lula faz o sinal de positivo para a candidatura unificada de esquerda, para o ano que vem
Coube à deputada Benedita da Silva (PT-RJ), a Bené, tomar a iniciativa de chamar para o centro do palco do colega Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e anunciar que ambos formam a cabeça de chapa da Frente de Esquerda, para o ano que vem. Ela concorrerá a vice e Freixo a prefeito, com apoio de Lula. Embora Lula seja favorável ao lançamento de candidaturas próprias do PT, em todas as principais cidades brasileiras “para ajudar na eleição das bancadas de vereadores”, disse, aqui no Rio o quadro é diferente. “A costura da chapa carioca já vinha sendo feita há algum tempo. Lula e Freixo, como este mesmo admitiu, já tinham conversando anteriormente. O psolista esteve em São Bernardo do Campo quando Lula retornou da prisão em Curitiba”, escreveu o jornalista Marcelo Auler, em seu site. “Verdade que Lula insistia na tecla de candidatura própria e ainda falou sobre isso na noite de terça-feira ao se reunir com o PT no Rio de Janeiro. Mas Benedita não aceita concorrer como cabeça de chapa. Por isso, tomou a iniciativa de lançar – com sutileza e sem verbaliza-la – a chapa no ato de quarta-feira (18/12) à noite no Circo Voador”, acrescentou.

Cultura

Ainda durante seu discurso, no Circo Voador, Lula agradeceu aos artistas pelo apoio que deles recebeu enquanto esteve preso. O ex-presidente falou sobre a destruição da cultura, do conhecimento e da ciência pelo atual governo. — A luta de vocês foi e será sempre pela liberdade. Fui testemunha da resistência de vocês contra a ditadura e ao famigerado AI-5, que o atual governo volta e meia fala em ressuscitar — afirmou. O evento foi também uma celebração pela liberdade do ex-presidente. Lula destacou em especial a cantora Beth Carvalho, que morreu em abril.  “Não poderia fechar o ano sem vir ao RJ agradecer aos artistas cariocas representando todos os artistas brasileiros”, afirmou Lula. — A negação da democracia nos levou a ter um presidente como Bolsonaro — observou.

Censura

Segundo ele, apenas em momentos “em que a mentira tem prevalência sobre a verdade” é possível a ascensão de “um presidente grotesco” como o atual. O ex-presidente afirmou, dirigindo-se aos artistas: — Vocês estão pagando caro pela extinção do Ministério da Cultura, que vamos recriar. Atacou também a volta da censura, “esse monstro que julgávamos extinto no nosso país”. — Podemos dizer que 12 meses depois da posse se pode dizer que esse governo quer colocar em prática um projeto de destruição da cultura. Cultura é libertação, e o governo Bolsonaro é contra todas as formas de liberdade — pontuou.

Chico Buarque

Além de Beth Carvalho, ele mencionou diversos artistas que, de uma forma ou de outra, foram atacados pelo atual presidente da República, como Fernanda Montenegro e Chico Buarque. — Olhando 30 segundos para uma câmara, ela (Fernanda) fez muito mais pelo Brasil do que Bolsonaro em 30 anos (no Congresso Nacional) — lembrou. Já sobre Chico Buarque, Bolsonaro “cobriu o Brasil de vergonha”, disse Lula, em referência ao fato de que o presidente brasileiro não assinou o diploma do compositor do Prêmio Camões, um dos mais importantes da literatura de língua portuguesa, que é organizado pelos governos de Portugal e do Brasil. O ato, ou não ato de Bolsonaro, causou surpresa ao presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Ao saber do fato, o próprio Chico Buarque comentou: — A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo prêmio Camões. Como na Alemanha nazista, querem destruir o Brasil começando pela cultura. A democracia tem uma dívida impagável com os artistas desse país. Vamos resistir, como já resistimos — prometeu Lula.

Personalidades

Seu governo e o de Dilma Rousseff nunca pediram “atestado ideológico a nenhum artista”, acrescentou. Lula também citou Paulo Freire, xingado por Bolsonaro de “energúmeno”. Segundo o ex-presidente, o educador é considerado “revolucionário no mundo inteiro”. — A compreensão que tenho de ele ter chamado Paulo Freire de energúmeno é que ele não sabe o que é energúmeno — destacou. Com o Circo Voador lotado, algumas expressivas lideranças políticas também se pronunciaram durante o encontro, entre eles o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT); a presidenta deposta Dilma Rousseff (PT); a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o ex-chanceler Celso Amorim.
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