Caso Staheli: polícia não identifica digitais do caseiro

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Publicado Domingo, 04 de Abril de 2004 às 11:43, por: CdB

As impressões digitais do caseiro Jossiel Conceição dos Santos, de 20 anos, não combinam com as encontradas na mansão do casal Staheli na época do crime, em novembro do ano passado. A comparação foi feita por peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli.

As digitais de Jossiel - que chegou a confessar o crime, foi preso e depois solto por falta de provas e ainda negou ter matado o casal - foram comparadas àquelas encontradas pelos locais em que o assassino poderia ter passado - portas e janelas -, de acordo com o diretor do ICCE, Roger Ancillotti. Ele informou ainda que o exame de DNA das manchas de sangue encontradas numa camisa que Jossiel disse ter usado no dia do crime fica pronto segunda-feira.

Nova versão

Na sexta-feira, Jossiel voltou atrás e negou que tenha assassinado os americanos. À polícia, ele teria informado que duas pessoas cometeram o assassinato e que apenas forneceu a arma, um pé-de-cabra.

O motivo dessa mudança de discurso seriam as ameaças de morte que Santos afirma ter recebido dos verdadeiros assassinos. O secretario de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho confirmou a versão e garantiu ter informações sobre os verdadeiros autores do crime. O caseiro está no Programa de Proteção à Testemunha. 

No final da tarde de sexta-feira, a juíza Maria Angélica Guedes decidiu acatar a decisão de soltura do colega Renato Ricardo Barbosa e negou o pedido do Estado do Rio para manter Jossiel Santos na cadeia. Por falta de provas, o acusado vai responder pelo crime em liberdade e a polícia terá 48 horas para justificar os motivos de sua prisão.

História mal-explicada

Até agora, a única acusação que pesa mesmo sobre Santos é a de furto. Ele foi preso por seguranças do condomínio onde morava a família de americanos, depois de pular o muro para tentar assaltar uma casa. Ao ser levado para a 16ª DP, caiu em contradição e confessou que matou o casal com golpes de pé-de cabra. Santos, que trabalhava como caseiro na casa ao lado dos Staheli, justificou o assassinato afirmando que foi vítima de discriminação racial no período em que prestou pequenos serviços para os americanos. De acordo com seu depoimento, os patrões o chamavam de "crioulo" e seus filhos o maltratavam.

O depoimento colhido pela polícia não bate com o exame de corpo de delito de Michelle Staheli. O suposto assassino descreveu em detalhes como matou a americana, mas o laudo contradiz sua versão. O casal Staheli foi assassinado durante a madrugada em sua casa, localizada em um condomínio de luxo da Barra da Tijuca. Foram os filhos que descobriram os corpos sobre a cama. Todd morreu na hora e a mulher quatro dias depois.

Desde que o assassinato foi cometido, em 30 de novembro do ano passado, a polícia chegou a trabalhar com 15 linhas de investigação e contou até mesmo a ajuda de quatro agentes do FBI, a polícia federal americana. Os agentes desembarcaram no Rio para acompanhar as investigações, sem sucesso. Nesse período, o motorista da família, Sebastião Moura , e a filha do casal de 13 anos entraram para a lista de suspeitos, mas foram descartados por resultados de exames de DNA.

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