Alvo da greve geral, na noite passada, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, por 14 votos a 11, o relatório sobre o projeto de "reforma" trabalhista (PLC 38)
Por Redação, com RBA - de São Paulo
Trabalhadores dos bancos privados de todo o país se reúnem nesta quinta-feira, na capital paulista, para organizar a mobilização em defesa do emprego no país. Os sindicalistas visam, ainda, combater a terceirização e as reformas trabalhista e da Previdência.
Para a Contraf-CUT, as reformas pretendidas pelo governo Temer vão dificultar a organização sindical e a luta dos trabalhadores.
— Nós queremos que não aconteça a reforma da Previdência. Que a reforma trabalhista não aconteça, porque é de uma perversidade brutal, vai eliminar 117 artigos da CLT, que são de proteção do trabalhador. Queremos que não privatizem os bancos públicos — declarou à TVT Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT.
Congresso
Na véspera, as centrais sindicais aprovaram o dia 30 deste mês para uma nova greve geral contras as reformas do governo. O ato também pedirá a saída de Michel Temer. Antes, no dia 20, as instituições planejam organizar um "esquenta", com paralisações e atos nas principais cidades. Todo o calendário depende do andamento das reformas no Congresso – e também passará por assembleias das categorias.
Segundo o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, a greve precisa ser "construída", com discussão nas bases e monitoramento da agenda parlamentar.
— O dia 28 (de abril) foi um sucesso porque fizemos um processo de construção daquela data — afirmou. Nobre participou de reunião na sede da Nova Central em São Paulo, na região central da capital paulista.
Marcha a Brasília
Durante o encontro, o secretário-geral da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, apresentou proposta de realizar uma greve geral de dois dias, indicando 27 e 28 de junho, com convocação prévia de plenárias estaduais. A Força Sindical a princípio mostrou-se reticente quanto à fixação de uma data, mas defendeu a unidade entre as centrais.
— Conseguimos construir, ao longo do tempo, várias atividades unitárias — disse o secretário-geral da entidade, João Carlos Gonçalves, o Juruna. Ele citou as manifestações de 15 de março, a greve de 28 de abril e a marcha a Brasília em 24 de maio.
Reforma aprovada
Na noite passada, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, por 14 votos a 11, o relatório sobre o projeto de "reforma" trabalhista (PLC 38). O colegiado também rejeitou destaques e emendas. Antes de ir a Plenário, texto terá de passar ainda pelas comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa.
Durante a sessão, que começou às 10h e terminou por volta de 19h, mesmo senadores que disseram ver pontos positivos se pronunciaram contra o projeto. Houve crítica mesmo de parlamentares identificados com o Executivo. A rigor, nenhum se manifestou a favor.
Muitos parlamentares criticaram o relator, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que não acatou nenhuma emenda. Para evitar retorno do texto à Câmara – aprovado em abril como PL 6.787. Ele apenas sugeriu vetos que seriam feitos pelo presidente Michel Temer, mediante "acordo" com o governo.
'Carimbadora'
Kátia Abreu (PMDB-TO), por exemplo, disse que não era "carimbadora da Câmara". Já Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que Ferraço abria mão de sua prerrogativa de legislador.
Paulo Paim (PT-RS) lembrou de debates entre "abolicionistas" e "escravagistas" e reafirmou que ninguém havia se manifestado a favor do PLC 38, mas mesmo assim o projeto era aprovado. "Não entendo como a Casa revisora se recusa a fazer mudanças que considera obrigatórias." Para ele, agora não poderá haver "atropelo" na tramitação da matéria na Comissão de Assuntos Sociais.
— Dou um voto de confiança antecipado à senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) — acrescentou. Referia-se à presidente daquele colegiado.
Entre as emendas apresentadas, a senadora Vanessa propôs vetar um item. Aquele que possibilita à mulher gestante ou lactante trabalhar em ambiente insalubres. Quase gritando, Jucá disse que o tema seria vetado por Temer.
— Essa matéria está resolvida — concluiu a senadora.