O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, declarou, nesta quarta-feira, em Brasília, que a prolongada greve convocada por seus opositores não passa de um "golpe disfarçado". A "greve cívica", iniciada em 2 de dezembro, é promovida por empresários, sindicalistas, políticos e organizações civis que se opõem ao Governo de Chávez e exigem sua renúncia e a convocação de eleições antecipadas já no primeiro trimestre de 2003. "Não há greve na Venezuela; o que existe é um golpe disfarçado de greve", disse Chávez, assim que chegou a Brasília, onde acompanhou a posse do novo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. O Governo insiste que a greve, a quarta e a mais longa de 2002, procura reeditar os acontecimentos de abril passado, quando Chávez foi retirado do poder por 48 horas, em uma paralisação geral em solidariedade a um protesto realizado pelos funcionários da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA). "Uma elite empresarial e uma elite sindical corrupta já tentaram quatro vezes parar o país", disse Chávez. "Mas, nada nem ninguém conseguirá parar a Venezuela e estamos os derrotando mais uma vez". Embora tenha perdido apoio nos setores comercial e industrial, a greve continua firme na PDVSA, onde grande parte de seus funcionários dizem que permanecerão parados até que o presidente aceite uma saída eleitoral para a crise que atinge o país. Mas, o presidente, eleito em 1998 com uma esmagadora maioria, afirma que apenas deixará o cargo se perder um referendo, previsto para o próximo mês de agosto, quando completa a metade de seu mandato, segundo estabelecido pela Constituição do país. Os inimigos políticos de Chávez acusam o presidente de haver semeado o ódio com sua retórica de confrontação, de dividir o país entre ricos e pobres, de querer levar a nação a um sistema comunista similar ao cubano e de arruinar a economia. Mas, Chávez responde que não é comunista e que sua "revolução" irritou as elites ricas e poderosas, devido a seu apoio aos pobres, com entrega de terras ociosas e créditos baratos. Chávez também disse que não haverá uma guerra civil no país e que sua "revolução democrática" é uma "confrontação histórica". "Não haverá guerra civil na Venezuela porque as maiorias não têm vontade de uma guerra civil", declarou o presidente, de 48 anos e que liderou uma tentativa de golpe de Estado em 1992. "O que existe no país são minorias envenenadas".
Rio de Janeiro, Quinta, 28 de Março de 2024
Chávez diz que greve na Venezuela é um "golpe disfarçado"
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Publicado Quarta, 01 de Janeiro de 2003 às 21:42, por: CdB
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