Chico Alencar admite erro ao beijar mão de Aécio Neves e Jungman

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Publicado Quinta, 09 de Março de 2017 às 12:37, por: CdB

Na mensagem, Chico Alencar tece críticas à mídia, mas reconhece que não deveria ter ido ao encontro. Com ele, concorda o editor-chefe do Correio do Brasil, Gilberto de Souza, em comentário publicado nas redes sociais

 

Por Redação - de Brasília

 

Não bastassem os elogios e o beijo na mão do senador Aécio Neves (PSDB-MG), citado na Operação Lava Jato como corrupto — o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) prestou deferência idêntica ao ministro da Defesa, Raul Jungman. Depois disso, distribuiu nas redes sociais um vídeo no qual faz o mea culpa.

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Chico Alencar, no vídeo, faz o mea culpa

Na mensagem, Alencar tece críticas à mídia, mas reconhece que não deveria ter ido ao encontro. Com ele, concorda o editor-chefe do Correio do Brasil, jornalista Gilberto de Souza, em comentário publicado nas redes sociais:

Lamaçal é isso aí

"Nesse lodo, apenas os peçonhentos sobrevivem. A política brasileira não será apenas esse jogo de infâmias. Não creio, sinceramente, que o deputado Chico Alencar tenha se bandeado para a direita. Ou que Aécio Neves seja, agora, o último guarda-costas do conservadorismo. De um lado, conversam por civilizados que são, com umas canas a mais na cabeça. Mas, na outra ponta, ambos municiam os grupelhos organizados, de um lado e de outro, que querem manter o visgo e arrastar à imundície o debate sobre a pior crise político-econômica já vivida por este país.

"O erro do parlamentar psolista, no que posso observar, foi a escolha do momento e o local em que essa conversa ocorreu. Primeiro, não é hora de negociar com golpistas o sequestro da democracia. Primeiro eles libertam a refém, em eleições diretas em todos os níveis. Depois, não se conversa um assunto desses numa festa com a presença do presidente de facto, onde o deputado sequer deveria estar presente. Se é que tem um mínimo apreço à biografia. Num ambiente assim, se a presença fosse obrigatória para tirar o pai da forca, os únicos assuntos possíveis seriam o tempo e o futebol.

"Infelizmente, o professor Chico Alencar marcou um gol contra", afirma Gilberto de Souza.

Reações simétricas

O jornalista Breno Altman, editor do site de notícias Opera Mundi, no entanto, aponta um erro mais acentuado. E critica a atitude de Alencar

Segundo Altman, “o crescimento de Lula nas pesquisas provocou terremotos em dois setores supostamente antípodas da política brasileira.

“No campo conservador, se tornou o principal problema a ser enfrentado, diante do perigo real e palpável que, se nada for feito, dentro ou fora da Constituição, para barrar o líder petista, o golpe corre risco de ser derrotado pela eleição de um novo governo do campo popular.

"Mas também a ultra-esquerda entrou em pânico, com sua tese sobre a ultrapassagem do petismo perigando virar pó em tempo recorde.

“Setores do PSOL e de outras agremiações menos relevantes já dedicam mais de seu tempo e espaço para atacar o legado petista, com seus erros e virtudes, do que para enfrentar o governo usurpador.

Inimigo principal

“Isolam-se, evitam qualquer aliança, em um movimento desesperado para sobreviver diante de uma possível escalada político-social da candidatura de Lula junto à classe trabalhadora e às camadas populares.

“Do beija-mão de Chico Alencar em comilança com a presença de Aecio Neves à ausência de qualquer solidariedade no combate às perseguições da Lava Jato, o que importa a esses segmentos é abater o ex-presidente a qualquer custo, para que seu bloco político possa ter a pretensão de se apresentar como herdeiro crítico de sua base social ou parte dela.

“Cometem o mesmo e velho erro de transformar o petismo em inimigo principal, quando poderiam abrir honestamente uma discussão sobre alianças, oferecendo um programa para debate e propondo uma discussão generosa sobre a construção de uma frente popular capaz de derrotar a direita.

Alencar e Heloisa Helena

“Se assim o fizessem, ganharia o conjunto da esquerda, por avançar pelo caminho da unidade. E, também, por desbravar um programa mais avançado.

“Ganhariam também esses setores que se reivindicam a "esquerda da esquerda". Abririam portas para debater suas ideias com a classe trabalhadora.

“Mas, infelizmente, muitos preferem continuam agindo como a sócia-fundadora Heloisa Helena. Ela não se envergonhava de comemorar ao lado da pior direita todos os ataques bem-sucedidos do conservadorismo contra Lula e seus companheiros”, conclui.

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