Abbas Kiarostami, o mais celebrado cineasta iraniano, decidiu falar. E não se tratam apenas de declarações sobre a peça teatral Ta'ziyeh, a primeira de sua carreira.
O diretor, que sempre evitou comentários sobre política, não hesitou em falar do assunto para o jornal inglês The Guardian depois que recentes manifestações estudantis tumultuaram o Irã.
- Os protestos dos estudantes são uma reação natural depois de seis anos de governo de Mohammad Khatami. É claro que ele não está mantendo as promessas que fez quando foi eleito - disse o cineasta, apoiando a posição dos estudantes contrária à proposta de privatização das universidades do país.
- Nossa revolução foi em favor dos pobres, dos despossuídos. Meu pedido, então, é que o governo se mantenha fiel a seus princípios - completou.
As opiniões políticas de Kiarostami voltam a ser exibidas de forma mais característica e oblíqua na peça Ta'ziyeh, que está sendo dirigida por ele em Roma.
Ta'ziyeh tem seu repertório composto por mais de 200 textos, mas todos focam um único evento: o assassinato de Hussein, filho de Ali e neto do profeta Mohammed, em 680 A.C. Mesmo no Irã shiita, as autoridades nem sempre vêem com bons olhos o culto a Hussein.
- Ele é o líder dos despossuídos - afirma Kiorastami, encontrando um ponto de ligação com os recentes acontecimentos no país.
Rio de Janeiro, Sexta, 29 de Março de 2024
Cineasta é contra privatização de universidades e apóia estudantes no Irã
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Publicado Terça, 15 de Julho de 2003 às 01:05, por: CdB
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