Coca-Cola paralisa produção na Venezuela

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Publicado Terça, 24 de Maio de 2016 às 07:39, por: CdB

Com estoques de açúcar esgotados, companhia anuncia suspensão temporária da produção. Agricultores alegam carência de matérias-primas

Por Redação, com agências internacionais - de Caracas:

A fabricante da Coca-Cola na Venezuela anunciou que vai paralisar temporariamente a produção da bebida devido à falta de açúcar. Os estoques do produto para uso industrial se esgotaram.

– A falta de açúcar implica na interrupção temporária das linhas de bebidas elaboradas com essa matéria-prima, pelo que se mantém em operação as linhas de produtos sem açúcar, tais como água e coca-cola light – diz um comunicado divulgado nesta terça-feira.

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Em meio à profunda crise econômica, a Venezuela sofre com a escassez de alimentos e a falta de fornecimento de itens básicos

Segundo o porta-voz da empresa na Venezuela, Kerry Tessler, os produtores de açúcar informaram que "deixaram temporariamente as suas operações por causa da carência de matérias-primas".

A empresa mexicana Coca-Cola Femsa, que está na Venezuela desde 2003 e emprega cerca de 7 mil pessoas, tem a expectativa de que os estoques sejam recuperados no "curto prazo". A companhia ofereceu uma "compensação solidária" aos funcionários.

Em meio à profunda crise econômica, a Venezuela sofre com a escassez de alimentos e a falta de fornecimento de itens básicos. Submetidos a uma das inflações mais altas do mundo, os venezuelanos pagam altos preços por produtos como açúcar, leite, margarina, café e arroz. Empresas também se queixam de barreiras para importações.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a Venezuela pretendia produzir 430 mil toneladas de açúcar entre 2016 e 2017 e importar 850 mil toneladas de açúcar refinado. Os agricultores têm preferido investir em outros produtos devido ao controle de preços estabelecido pelo governo do presidente Nicolás Maduro.

Preço da farinha de milho

Os venezuelanos vão ter de pagar 10 vezes mais pelo preço do quilo de farinha de milho, mais caro que o valor pedido pela Associação Venezuelana de Milho (AVM), segundo listagem publicada nesta terça-feira pela Superintendência de Preços Justos do país.

Segundo a tabela divulgada oficialmente, o quilo de farinha de milho pré-cozida passa de 19 para 190 bolívares por quilo. A AVM pedia ao Executivo um ajuste para 115 bolívares.

É tradição na Venezuela comer diariamente, no pequeno almoço, uma ou duas "arepas", uma massa redonda e achatada de milho, que depois de frita ou assada é usada como se fosse pão e que à hora de ir para a mesa é recheada com fiambre, queijo, peixe ou carne.

Nos primeiros dias de março de 2016, a AVM pediu ao governo venezuelano que permitisse aumentar o preço da farinha de milho para 115 bolívares o quilo, para assim poder "pagar a colheita a preços adequados aos produtos nacionais, para gastos adicionais, peças para a reparação de maquinaria e material para empacotar".

Dados não oficiais mostram que cada venezuelano consome 34 quilos de farinha de milho por ano.

Com frequência, os venezuelanos queixam-se de dificuldades para conseguir a farinha de milho pré-cozida, num mercado cada vez mais marcado pela escassez de produtos básicos.

Por outro lado, os empresários queixam-se de que a produção nacional não é suficiente e que há dificuldades no acesso a divisas para importar o produto, devido ao sistema de controle cambial que vigora desde 2003 no país e que impede a livre obtenção local de moeda estrangeira.

Alguns dos produtos escassos estão acessíveis por meio dos ‘bachaqueros' (vendedores informais ou mercado negro) onde um quilo de farinha de milho pode chegar a custar 1.400 bolívares (125 euros), dependendo da demanda.

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