Procurador pede que se apure verba proveniente de subornos pagos pela construtora que teria beneficiado campanha à reeleição. Presidência nega acusação, classificando-a de "temerária"
Por Redação, com DW - de Bogotá:
O procurador-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, pediu que se investigue o suposto repasse de 1 milhão de dólares da Odebrecht para campanha de reeleição do presidente Juan Manuel Santos em 2014.
Segundo Martínez, o dinheiro pode ter entrado na campanha de Santos por meio do ex-congressista Otto Bula. Ele foi detido por sua participação no esquema de subornos pagos pela construtora brasileira na Colômbia. Em troca de contratos de infraestrutura, somando mais de US$ 11 milhões.
Desse montante, Bula teria "tramitado" subornos no valor de US$ 4,6 milhões, dos quais US$ 1 milhão teria tido como "beneficiado final a gerência da campanha de Santos de 2014". Uma comissão de 10% teria sido descontada a favor de terceiros.
Diretor de campanha rejeita acusação
O então diretor da campanha pela reeleição de Santos, Roberto Prieto, disse não conhecer Bula. Ele classificou suas declarações à procuradoria de "infundadas, tendenciosas e caluniosas".
– Não deixa de ser tendenciosa essa tentativa de manchar a campanha de 2014. Assim como se tentou fazer com a de 2010 – criticou.
A presidência também negou o ingresso de dinheiro da Odebrecht na campanha. "A presidência solicita às autoridades competentes que antecipem todas as investigações necessárias. Para estabelecer a verdade sobre esta nova acusação temerária". Disse o secretário de Transparência da presidência, Camilo Enciso.
Citando Pietro, o secretário afirmou que "a ordem clara e categórica foi de não receber nenhuma doação, de nenhuma pessoa, natural ou jurídica para financiar a campanha".
– Os recursos da campanha provêm exclusivamente do dinheiro da reposição de votos nos termos da lei colombiana – afirmou Enciso. A reposição de votos é o dinheiro que o Estado devolve aos candidatos. De acordo com o número de votos obtidos, pelas despesas que tenham tido na campanha.
O ex-presidente Andrés Pastrana (1998-2002). Também se pronunciou sobre as suspeitas levantadas pelo procurador-geral. Afirmando que Santos deve analisar "a possibilidade de renunciar" no caso de se comprovar que a sua campanha recebeu dinheiro da Odebrecht.
Na eleição de 2014, Santos teve como principal rival o candidato do partido Centro Democrático, Oscar Ivan Zuluaga. Também favorecido por suposto financiamento da Odebrecht a sua campanha. Zuluaga foi citado pelo publicitário Duda Mendonça, que há algumas semanas disse à revista Veja que a construtora lhe pagou honorários para ajudar a campanha do rival Santos.