'' A Coréia da Norte decidiu nesta sexta-feira expulsar os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) que vinham monitorando suas instalações nucleares, enquanto estiveram desativadas. O governo também declarou à Aiea que reiniciará as atividades em sua usina de reprocessamento de combustível - um local que poderia ser usado para produzir plutônio de armas nucleares. Em uma carta enviada ao diretor-geral da Aiea, Mohamed ElBaradei, em Viena, as autoridades de Pyongyang afirmaram ter resolvido mandar os inspetores para fora do país porque a missão deles se encerrou automaticamente com a decisão norte-coreana de reativar as usinas nucleares. "Por meio desta, lhes informamos da decisão do governo da Coréia do Norte de autorizar os inspetores a deixar o país, já que não há justificativa para que permaneçam aqui, e solicitamos que tomassem imediatamente as medidas necessárias", disse Ri Je Son, o diretor-geral da agência de energia atômica da Coréia do Norte. A declaração confirma uma informação, divulgada horas antes pela agência de notícias oficial da Coréia do Norte, KNCA. O diretor-geral da Aiea, Mohamed ElBaradei, havia declarado à CNN acreditar que os norte-coreanos estariam tentando forçar os Estados Unidos a se sentar à mesa de negociações. "Eu acho, infelizmente, que essa é uma situação de barganha nuclear", declarou. "Eu acho que eles (os norte-coreanos) estão usando sua capacidade técnica nuclear para atingir um objetivo político, o que é altamente inaceitável". ElBaradei disse que os dois inspetores remanescentes são o único instrumento da Aiea para que possa monitorar o programa nuclear do país asiático. Na semana passada, a Coréia do Norte começou a remover os lacres de segurança e a bloquear as câmeras de vigilância da Aiea na usina de Yongbyon. Na quarta-feira passada, a Aiea disse que a Coréia do Norte havia começado a carregar o reator de combustível, mas acrescentou que não havia indícios de que os norte-coreanos tivessem enviado combustível suficiente para pôr o reator novamente em funcionamento. Os Estados Unidos acreditam que a Coréia do Norte já construiu pelo menos três ogivas nucleares. Há suficiente plutônio na usina de Yongbyon para produzir pelo menos outras duas, segundo estimativas norte-americanas. ElBaradei disse que não há indícios de que a Coréia do Norte tenha reativado uma usina que reprocessa combustível nuclear usado. Esse combustível reprocessado pode ser usado para produzir armas nucleares. "Violação de obrigações" Na quinta-feira, ElBaradei havia confirmado que a Coréia do Norte tinha começado a retirar os equipamentos de vigilância da Aiea, definindo a situação como "muito preocupante". Sem os sistemas de vigilância, a Coréia do Norte está operando "em total violação de suas obrigações sob o tratado de não proliferação", afirmou. ElBaradei convocou uma reunião extraordinária dos diretores da Aiea, marcada inicialmente para o dia 6 de janeiro, a fim de discutir as iniciativas norte-coreanas. O diretor-geral disse que pretende declarar à junta que as ações de Pyongyang incapacitaram a agência de verificar se material nuclear não foi desviado para fabricação de armas. A Coréia do Norte está sob crescente pressão internacional para abandonar sua decisão de reativar reatores nucleares, ignorando um acordo de 1994. Nesta sexta-feira, a Austrália anunciou que arquivou os planos de abrir uma embaixada em Pyongyang devido ao que chamou de violações norte-coreanas de suas obrigações de não proliferação. Enviado dos EUA Em Washington, o Governo Bush declarou na quinta-feira que deve enviar um representante à Coréia do Sul na próxima semana para coordenar a estratégia para a crise. Assessores de segurança nacional do presidente George W. Bush se reunirão nas próximas horas, na Casa Branca, para discutir o impasse com a Coréia do Norte. Mas uma fonte oficial acrescentou que as ações de Washington não era
Rio de Janeiro, Sexta, 29 de Março de 2024
Coréia do Norte expulsa inspetores da Aiea
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Publicado Sexta, 27 de Dezembro de 2002 às 21:58, por: CdB
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