Crise leva trabalhadores a aceitar emprego sem carteira assinada

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Publicado Quinta, 29 de Setembro de 2016 às 12:27, por: CdB

A recessão em que o país mergulhou há dois anos, durante a crise política, extinguiu vagas no emprego formal. Os rendimentos do trabalho informal são, em média, 40% inferiores aos do setor formal

 
Por Redação - de São Paulo
  O desemprego e o desespero para evitar que a família passe por necessidades tem levado trabalhadores a aceitar qualquer oportunidade. A buscar vagas sem carteira assinada, com salários mais baixos e sem garantias de qualquer espécie.
desemprego-1.jpgO contingente de brasileiros sem emprego tem aumentado em consequência da crise político-econômica, em todo o país
A recessão em que o país mergulhou há dois anos, durante a crise política, extinguiu os melhores empregos. Os rendimentos do trabalho informal são, em média, 40% inferiores aos do setor formal. Este fator reduz o poder de compra das famílias, um dos principais motores da atividade econômica. O aumento da informalidade também atinge o caixa do governo. O desemprego e a migração dos trabalhadores para vagas sem carteira assinada reduz contribuições à Previdência.

Falta de emprego

A taxa de desemprego na região metropolitana, calculada pela Fundação Seade e pelo Dieese, passou de 17,4% para 17,2% entre julho e agosto. O resultado se explica, principalmente, pela menor procura por emprego, já que o mercado voltou a eliminar postos de trabalho: a população economicamente ativa (PEA) retraiu-se em 0,9%, com menos 101 mil pessoas, enquanto a ocupação caiu 0,7%, o equivalente ao fechamento de 62 mil vagas. Com isso, o número de desempregados se reduziu em 39 mil (-2%), para um total estimado em 1,914 milhão. Na comparação com agosto do ano passado, os dados são mais negativos: são menos 305 mil (-3,2%) ocupados e mais 377 mil desempregados (24,5%) na região. A PEA variou 0,7%, com mais 72 mil pessoas. Das vagas fechadas, 167 mil foram no setor de comércio/reparação de veículos, queda de 9,4%. A construção civil caiu 12,7%, fechando 86 mil postos de trabalho, enquanto a indústria de transformação eliminou 121 mil (-8,2%). Apenas o setor de serviços cresceu (1,3%), abrindo 73 mil ocupações. No recorte por área, a taxa de desemprego foi de 16,8% apenas na capital paulista, 16,4% na sub-região sudeste (que inclui o Grande ABC), 16,1% na oeste (Barueri, Itapevi, Osasco e outros municípios) e 18,6% na leste (Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos e outros).

Emprego sem carteira

A pesquisa continua detectando enfraquecimento do mercado formal. De julho para agosto, são menos 52 mil empregos com carteira assinada, queda de 1%. Em 12 meses, 222 mil a menos, retração de 4,3%. Ante agosto de 2015, cresceram o emprego sem carteira (1,8%, ou 13 mil a mais) e o doméstico (2,8%, mais 17 mil). Estimado em R$ 1.986, o rendimento médio dos ocupados cresceu 0,9% no mês (de junho para julho) e recuou 3,4% em 12 meses. A massa de rendimentos praticamente não variou na comparação mensal (0,1%) e caiu 6% na anual.

Outras regiões

O comportamento foi diferenciado conforme a região. De julho para agosto, aumentou o número de desempregados nas regiões metropolitanas de Fortaleza, Porto Alegre e Salvador, com diminuição no Distrito Federal e em São Paulo. A taxa de desemprego no mês passado atingiu 18,5% no Distrito Federal, 13,1% em Fortaleza, 10,7% em Porto Alegre e 25,7% em Salvador. Houve pequenas variações mensais e elevação, em todos os casos, na comparação com agosto de 2015.
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