Cristóvão Buarque diz que morte do prefeito é "tragédia para o PT"

Arquivado em:
Publicado Segunda, 21 de Janeiro de 2002 às 21:00, por: CdB

O ex-governador do Distrito Federal pelo PT e professor da Universidade de Brasília (Unb), Cristóvão Buarque, disse que o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel é uma tragédia e um "trauma profundo" para o partido. Ele não quis avaliar, no entanto, o impacto do crime para as eleições presidenciais deste ano ou para o futuro do partido. Celso Daniel era o coordenador da campanha de Lula à presidência, considerado um dos membros do partido com maior preparo intelectual. "É uma grande perda para o partido, um dos nossos melhores homens, prefeito de uma cidade importante, mas vamos encontrar outro nome e continuar trabalhando. É a melhor homenagem que poderíamos lhe prestar", afirmou Buarque, que está em Londres a convite do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford. Buarque evitou falar sobre crime político, mas disse achar "muito estranhas" as circunstâncias da morte de Celso Daniel. "O fato de a outra pessoa não ter sido levada no seqüestro, o número de tiros, é tudo muito estranho e precisa ser investigado", afirmou. "Quando soube da notícia, voltei 30 anos no tempo e me lembrei quando morava no Recife, quando a cada três, quatro meses, recebíamos a notícia de que um companheiro tinha sido assassinado". Buarque disse duvidar que o crime tenha sido cometido por uma organização de extrema-esquerda. Um grupo auto-entitulado Frente de Ação Revolucionária Brasileira enviou cartas reivindicando a autoria do assassinato do prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, em Campinas, em setembro, e ameaças a outros políticos do partido, que "estariam se aproximando de partidos de centro-direita". Ele disse que sabia da existência das cartas, enviadas a vários membros do partido, mas prefere não acreditar na veracidade delas antes da investigação. "Não acredita que isso possa acontecer: um grupo de esquerda atacando a esquerda no Brasil. Se isso fosse acontecer o grupo iria atacar a esquerda, a direita, todo mundo", afirmou. "Parece mais provável que um grupo de direita faria isso querendo complicar a situação jogando a culpa na extrema-esquerda do que a própria extrema-esquerda fazendo isso".

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo