A tendência para politizar a ajuda humanitária, concedendo apoio às situações de catástrofe mundial mais midiáticas em detrimento dos desastres esquecidos, está criando problemas éticos e de legitimidade às organizações não-governamentais que atuam no terreno.
O alerta foi feito nesta quinta-feira, em Genebra, pela Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FISCVCV) no Relatório Mundial sobre Catástrofes, dedicado ao tema Ética e Ajuda.
- Há uma crescente tendência para os doadores e organismos humanitários concentrarem a sua ajuda a conflitos armados que obedecem a estratégias políticas, como no Afeganistão e no Iraque, em detrimento das emergências crônicas como as que afetam Angola, Somália e a República Democrática do Congo - diz o relatório da FISCVCV.
- Em escala mundial, encontramos uma verdadeira desigualdade na prática humanitária, porque muitas guerras e desastres caíram no esquecimento, apesar de a comunidade internacional ter assumido o compromisso de prestar ajuda com imparcialidade - alertou Juan Manuel Suárez del Toro, presidente da federação internacional, no documento publicado anualmente.