Ao decidir pela intervenção militar, Planalto previa dificuldades à frente

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Publicado Sexta, 16 de Fevereiro de 2018 às 14:52, por: CdB

O governo admite que ainda não tem os votos para aprovar a reforma na Câmara e o clima com a intervenção militar dificulta, ainda, mais a situação. Há cerca de 80 votos votos faltando para se poder votar com segurança uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

 

Por Redação - de Brasília

 

O Palácio do Planalto ainda lutava, nesta sexta-feira, para encontrar uma forma de manter a tramitação da reforma da Previdência. A intervenção militar no Estado do Rio de Janeiro dificultou, definitivamente, a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara. Uma avaliação inicial, por parte da secretaria de Governo, ocupada por Carlos Marum (MDB-MS), é de que o projeto seja engavetado. A maior probabilidade é que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), desista de colocar a reforma em votação.

— É uma discussão estéril. O mais provável é que Maia tire a votação da pauta e coloque a culpa na intervenção e no presidente — disse uma fonte que acompanhou as discussões sobre a intervenção no Rio.

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Jungmann é um dos signatários da intervenção militar no Estado do Rio

O governo admite que ainda não tem os votos para aprovar a reforma na Câmara e o clima com a intervenção dificulta, ainda, mais a situação. Há cerca de 80 votos votos faltando para se poder votar com segurança uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que precisa do apoio de pelo menos 308 dos 513 deputados. Durante a reunião, na noite passada, chegou-se a se falar em um acordo para suspender a intervenção por um dia e, assim, votar a Previdência. Fontes ouvidas pela agência inglesa de notícias Reuters e confirmadas pela reportagem do Correio do Brasil afirmam ser impossível.

— Não tem como fazer isso. Vai desmobilizar as tropas, desnomear o interventor e depois fazer tudo de novo? Não é assim — disse a fonte.

Militar interventor

Depois da crise de violência durante o Carnaval, o Planalto enviou os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, e da Defesa, Raul Jungmann, para pressionar o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) a aceitar uma ação mais dura do governo federal.

Pezão participou da reunião de quinta-feira. Ele defendeu a intervenção, admitindo que não havia mais saída para o Estado.

O governo federal chegou a cogitar uma “intervenção branca”, sem decreto oficial; justamente para não afetar o trâmite da reforma da Previdência. A medida já havia sido tomada nesses termos em 1997 em Alagoas. Na epoca, o governo nomeou um secretário da Fazenda, a pedido do então governador, Divaldo Suruagy. Mas não decretou a intervenção oficialmente.

A avaliação final, no entanto, foi de que não haveria como nomear um militar interventor; sem ter o respaldo de um decreto criando a intervenção.

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