Descoberto o gene do crime

Um determinado gene pode transformar jovens que sofreram maus tratos em criminosos, segundo um estudo da King's College, em Londres. Segundo os pesquisadores, meninos com uma versão específica de um gene têm mais chance de "sair dos trilhos" se sofrerem abusos. A descoberta levantou a possibilidade do desenvolvimento de drogas para combater o crime, mas também provocou receios de que rapazes sejam "rotulados" como potenciais jovens-problema antes mesmo de cometer qualquer crime. Também há temores de que os governos passem a apostar em medicamentos para combater o crime, em vez de enfrentar os problemas sociais associados à violência. Segundo os pesquisadores, o "gene do crime" controla a atividade de uma enzima chamada MAOA. Ao analisar um grupo de 154 jovens que haviam sido maltratados, 32 deles gravemente, os cientistas descobriram que quanto maior a produção da enzima, maior era a probabilidade de o rapaz desenvolver comportamentos anti-sociais, como crimes violentos. Os resultados fornecem provas de que a constituição genética de uma pessoa pode influenciar sua sensibilidade a fatores ambientais", afirma o professor Terrie Moffitt, um dos autores do estudo". Essas descobertas também podem explicar em parte por que nem todas as vítimas de maus tratos maltratam outras quando crescem. "De fato, alguns genes podem promover resistência ao estresse e ao trauma", acrescenta Moffitt. A associação entre constituição genética e ambiente para explicar o comportamento violento é endossada pelo fato de os cientistas não terem encontrado uma ligação entre o gene e a violência em 288 jovens estudados que não sofreram maus tratos. Mas o especialista em bioética Stephen Post, da Universidade de Case Western Reserve, é um dos que alertam para o risco de desenvolver drogas para combater comportamentos anti-sociais". Muitas pessoas podem ter suscetibilidade genética e, ainda assim, mostrar uma notável resistência aos maus tratos e ter uma vida construtiva", contestam Post. Para Post, a violência contra é um problema muito sério que precisa ser resolvido e não ofuscado por "uma suposta geração de drogas que possam prevenir o crime".