Dilma reúne ministros e Temer após manifestações contra o governo

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Publicado Segunda, 16 de Março de 2015 às 09:25, por: CdB
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Reunião com ministros acontece um dia após as manifestações contrárias ao governo
Um dia após grandes manifestações em diversas cidades brasileiras contra o governo, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se na manhã desta segunda-feira com o vice-presidente Michel Temer e pelo menos nove ministros. Após o encontro no Palácio do Planalto, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse, em nome da presidente, que o governo federal está "ouvindo as manifestações" e "aberto ao diálogo". Foram chamados para a conversa com a presidente estão Aloizio Mercadante (Casa Civil), Pepe Vargas (Relações Institucionais), Miguel Rosseto (Secretaria-Geral da Presidência), José Eduardo Cardozo (Justiça), Eduardo Braga (Minas e Energia) e Gilberto Kassab (Cidades). No domingo, dia em que milhares de pessoas foram às ruas para protestar, Rosseto disse a jornalistas que os manifestantes eram compostos, majoritariamente, pela parcela da população que não votou em Dilma nas eleições de outubro do ano passado, marcada por forte polarização. Segundo Rosseto e Cardozo, que também participou da entrevista coletiva, Dilma identificou, tanto nas manifestações de domingo, quanto nas ocorridas na sexta-feira em defesa do governo, a demanda da população de combater com mais rigor a corrupção, razão pela qual deve anunciar formalmente medidas já abordadas por ela na campanha eleitoral e ao assumir o segundo mandato sobre o tema. Repercussão internacional As manifestações que mobilizaram milhares de pessoas contra o governo e a corrupção em diversas cidades brasileiras foram destaque nesta segunda-feira na imprensa europeia. O prestigiado jornal suíço Neue Zürcher Zeitung escreveu que a dimensão das manifestações deixa claro que "não só a elite branca do país está frustrada com o governo". Mas observou que a multidão era formada "principalmente por membros da classe média", movidos por "raiva e decepção". O correspondente do jornal comparou os atos do fim de semana com os protestos de 2013, escrevendo que, desta vez, "suas reivindicações eram mais claras". Os manifestantes, escreveu o diário, estavam contra corrupção e impunidade, contra o governo e diretamente contra a presidente Dilma Rousseff. Sobre a possibilidade de um impeachment, a publicação escreve, em outro artigo, publicado também nesta segunda-feira, ser algo que os brasileiros consideram improvável de ocorrer e que a elite política brasileira, incluindo a oposição, não vê a ideia com bons olhos. A revista alemã de economia Wirtschaftswoche afirma que a situação no Brasil "parece uma continuação da acirrada disputa eleitoral de 2014, em que Dilma venceu Aécio Neves no segundo turno, com vantagem apertada. O periódico cita declarações de representantes do governo de que "não há um terceiro turno". O espanhol El País observou que a manifestação em São Paulo, que encheu a Avenida Paulista, teve a participação de militantes que "pertencem à classe média, mais educada, melhor preparada e melhor informada do país". O diário avalia que o "sucesso incontestável" da mobilização se mostra perigoso para um governo "já, por si só, atribulado", devido à rejeição que a presidente enfrenta. A versão online do francês Le Monde deu destaque às manifestações brasileiras, chamando os atos de uma "onda contra Dilma Rousseff". "Um total de 1,5 milhão de brasileiros saíram às ruas em 80 cidades, de acordo com comunicado da Polícia Militar. Uma maré humana convocada nas redes sociais que mobilizou os mais amplos setores da oposição, sem rótulos oficiais", escreveu o correspondente da publicação. O inglês The Guardian afirmou que "mais de meio milhão de brasileiros foram às ruas no domingo para protestar contra a corrupção, exigir o impeachment da presidente Dilma Rousseff e, em alguns casos, para pedir um golpe militar". O jornal destacou, também, que a manifestação em Copacabana teve, "predominantemente", participação de "pessoas brancas e de classe média".
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