Diplomatas acertam plano para 'cessar hostilidades' na Síria

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Publicado Sexta, 12 de Fevereiro de 2016 às 08:47, por: CdB

 

Diplomatas alertaram que, até agora, Moscou não demonstrou nenhum interesse em ver Assad substituído e que está forçando uma vitória militar

Por Redação, com agências internacionais - de Munique/Moscou:   Grandes potências concordaram nesta sexta-feira com a suspensão das hostilidades na Síria, concebida para ter início em uma semana e proporcionar acesso humanitário rápido a cidades sírias sitiadas, mas não conseguiram acertar um cessar-fogo completo nem o fim dos ataques aéreos russos. Após uma maratona de reuniões em Munique com o objetivo de ressuscitar as conversas de paz, que fracassaram na semana passada, as potências, entre elas Estados Unidos, Rússia e mais de uma dúzia de outras nações, reafirmaram seu comprometimento com uma transição política quando as condições no território síria melhorarem.
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Grandes potências concordaram nesta sexta-feira com a suspensão das hostilidades na Síria
Em uma coletiva de imprensa, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, reconheceu que o encontro na Alemanha resultou em compromissos tão somente no papel. – O que precisamos ver nos próximos dias são ações locais, no país – disse ele, acrescentando que "sem uma transição política, não é possível obter a paz". O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, declarou na coletiva de imprensa que seu país não irá interromper a ofensiva aérea na Síria, afirmando que a cessação das hostilidades não se aplica ao Estado Islâmico nem à Frente Al-Nusrah, que é filiada à Al Qaeda. Militantes do Estado Islâmico controlam grandes partes da Síria e do Iraque. – Nossas forças continuarão a atuar contra estas três organizações no espaço aéreo – afirmou. Os EUA e seus aliados europeus argumentam que poucos bombardeios russos visaram estas facções e que a grande maioria atingiu grupos de oposição apoiados pelo Ocidente que almejam derrubar o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad. Lavrov disse que as conversas de paz deveriam ser retomadas em Genebra o mais cedo possível e que todos os grupos opositores sírios deveriam participar. Ele ainda acrescentou que deter as hostilidades será uma tarefa difícil. Mas o chanceler britânico, Philip Hammond, afirmou que só será possível pôr fim aos combates se a Rússia interromper seus ataques aéreos em apoio ao avanço de forças governamentais sírias contra a oposição. Diplomatas alertaram que, até agora, Moscou não demonstrou nenhum interesse em ver Assad substituído e que está forçando uma vitória militar.

Intervenção na Síria

Em entrevista antecipada nesta sexta-feira pelo jornal alemão Handelsblatt, o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, alerta que uma intervenção militar terrestre na Síria poderia resultar em uma guerra mundial. – Uma operação terrestre leva todos a participarem de uma guerra – disse o premiê na entrevista, que será publicada neste fim de semana. "Todas as partes deveriam se sentar na mesa de negociações, em vez de desencadear uma nova guerra mundial." Ao ser questionado sobre a recente proposta da Arábia Saudita para enviar tropas à Síria, Medvedev respondeu que os norte-americanos e os parceiros árabes precisam refletir se eles desejam ou não uma guerra permanente. O primeiro-ministro criticou também a recusa de potências ocidentais em colaborar com a Rússia no conflito sírio e ressaltou que contatos entre os departamentos de defesa são esporádicos. A Rússia, juntamente com o Irã, é o maior aliado do regime do presidente Bashar al-Assad. No conflito, os Estados Unidos e a Arábia Saudita apoiam grupos rebeldes moderados e defendem a mudança de governo.

Crise migratória

O conflito sírio não foi o único tema da entrevista de Medvedev. O primeiro-ministro fez duras críticas à posição da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e da União Europeia (UE) na crise migratória. – A política migratória europeia fracassou totalmente. Tudo é muito tenebroso – opinou Medvedev. Segundo ele, foi uma "tolice" deixar todos entrarem no bloco. O primeiro-ministro afirmou que muitos refugiados vêm para a Alemanha devido aos grandes benefícios financeiros recebidos do governo e também como terroristas. Medvedev destacou, além disso, que é impossível identificar terroristas na massa de refugiados e afirmou que a Rússia realiza ataques aéreos na Síria para evitar que "assassinos" comentam atentados em Moscou ou em outras cidades. O premiê criticou ainda a integração de refugiados na Europa, chamando-a de fracasso, e afirmou que na Rússia cristãos e muçulmanos vivem em paz.  
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