Discurso de Bolsonaro a empresários nos EUA cai no vazio diante crise aguda

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Publicado Segunda, 09 de Março de 2020 às 11:46, por: CdB

Bolsonaro abriu, na capital do Estado norte-americano da Flórida, um seminário empresarial no qual garantia fidelidade absoluta à política econômica do ministro da Economia, mas sem citar a crise em que o país mergulhou desde sua posse, no ano passado.

Por Redação, com agências internacionais - de Miami (FL-EUA)
Em mais um dia negativo para o mandatário neofascista brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), o discurso que proferiu, nesta segunda-feira, em Miami (FL) serviu apenas para que os investidores confirmassem o momento de retirar, cada vez mais rapidamente, suas divisas do país. Enquanto Bolsonaro falava para uma plateia de incrédulos investidores, a bolsa paulista acionava o circuit breaker, após o Ibovespa ter desabado 10% e o dólar se aproximava da barreira de R$ 4,80 reais.
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Paulo Guedes, ministro da Economia, e Jair Bolsonaro, presidente da República, está na berlinda diante do fracasso econômico do país
Bolsonaro abriu, na capital do Estado norte-americano da Flórida, um seminário empresarial no qual garantia fidelidade absoluta à política econômica do ministro da Economia, mas sem citar a crise em que o país mergulhou desde sua posse, no ano passado. Os cerca de 350 empresários, a maioria de brasileiros que atuam no mercado norte-americano, ouviram de Bolsonaro um discurso em que ignorou a crise do mercado e garantiu sua intenção de melhorar o ambiente de negócios e seguir a política econômica de Paulo Guedes. — Às suas políticas econômicas somos leais e buscamos implementá-las em todas as formas. Qualquer um dos nossos ministros está habilitado e qualificado para enfrentar qualquer desafio. Estamos mostrando que estamos no caminho certo — disse o presidente, diante do ceticismo da plateia.

Manifestação

O nível de incredulidade dos ouvintes aumentou quando Bolsonaro disse que há um bom relacionamento com o Congresso, enquanto crise entre Executivo e os demais Poderes elevam, há semanas, a volatilidade e insegurança do mercado brasileiro. — Tivemos apoio do Parlamento na reforma previdenciária, a mãe de todas as reformas. Outras duas se apresentam pela frente. Conversei ontem com o presidente Rodrigo Maia e ele falou que, apesar de alguns atritos, que é muito normal na política, a Câmara fará sua parte buscando a melhor reforma administrativa e tributária — disse, sem mencionar que apoia uma manifestação golpista, marcada para o próximo dia 15, em que propõe o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). Até agora, Bolsonaro não encaminhou o texto da reforma administrativa, que mexe na estrutura do serviço público, por receio da reação das corporações. O texto estaria pronto, mas não foi apresentado ainda. Já a tributária tem sido tocada pela Câmara, sem o governo ter apresentado até agora as suas prometidas contribuições.

Donald Trump

O encontro em Miami foi organizado pela Agência de Promoção de Exportações (Apex), que atravessa sua pior crise estrutural, desde que Bolsonaro interveio para mudar a diretoria, em um momento em que as incertezas sobre a economia brasileira promovem o êxodo de capitais e investidores. Apenas nos dois primeiros meses deste ano, investidores estrangeiros retiraram mais de US$ 40 bilhões do mercado secundário de ações brasileiro. O presidente também ressaltou a aproximação do Brasil com os Estados Unidos durante seu governo, e disse que os dois países podem confiar um no outro. No sábado, Bolsonaro teve um encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump, como parte da agenda da viagem à Flórida.
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