Discussão sobre CPMF fez Bolsonaro decidir por demissão de Cintra

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Publicado Quinta, 12 de Setembro de 2019 às 08:52, por: CdB

"Esse troço (CPMF) transbordou, já estava sendo discutido em rede social, essas coisas todas, e o presidente não gostou", disse Mourão.

Por Redação, com Reuters - de Brasília O presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse nesta quarta-feira que foi do presidente Jair Bolsonaro a decisão de demitir o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, por não ter gostado da discussão sobre a eventual criação de um imposto sobre movimentação financeira, espécie de nova CPMF, sem que tenha havido uma decisão do governo.
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Mourão relatou nunca ter conversado com Bolsonaro sobre uma eventual satisfação dele com Cintra.
- É a questão do imposto de transação financeira que o presidente Bolsonaro não tem uma decisão a este respeito e ele acha que a discussão se tornou pública demais antes de passar por ele - disse Mourão, em entrevista na vice-presidência. - Esse troço transbordou, já estava sendo discutido em rede social, essas coisas todas, e o presidente não gostou - completou. Questionado se a queixa do presidente era sobre o fato de a discussão do novo imposto ocorrer sem decisão tomada ou do mérito em si, Mourão afirmou que “talvez o mérito também”. - O presidente não é fã desse imposto - respondeu, em linha com o que, mais cedo, o próprio Bolsonaro disse em rede social ser contra uma nova CPMF. Ao ser perguntado se Bolsonaro ainda tem de ser convencido sobre a necessidade do imposto, o presidente em exercício disse que o assunto tem de ser discutido, mas fez uma ponderação. Ele disse que, mesmo na hipótese de o governo se colocar a favor desse imposto, a definição dele ficará a cargo do Legislativo. - Quem é que vai definir isso? É o Congresso, então acho que todo desgaste prematuro em torno disso aí não leva a nada porque tudo vai ser decidido pelo Congresso - destacou. Mourão disse ter almoçado nesta quarta com o ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem Cintra era subordinado. Disse ter conversado no encontro sobre a situação de Cintra, embora ainda não houvesse uma decisão sobre a saída do secretário. - Ele (Guedes) compartilhou essa angústia com essa situação, mas disse: ‘vamos aguardar a decisão do presidente.’ Aí veio da decisão do presidente - afirmou. O presidente em exercício relatou nunca ter conversado com Bolsonaro sobre uma eventual satisfação dele com Cintra. - Eu considero o professor Marcos Cintra uma pessoa extremamente comprometida, competente. Ele tem as ideias dele e, óbvio, cada um nós que tem suas ideias que tem que defender até a decisão do decisor. Pode parecer até um pleonasmo isso aqui, mas é dessa forma que vejo as coisas - disse. Paulo Guedes Em entrevista ao jornal Valor Econômico nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, adiantou o desejo de privatizar toda as estatais e falou sobre a retomada da CPMF que levará o nome de Imposto sobre Transações Financeiras. Segundo ele, o imposto poderá arrecadar até R$ 150 bilhões por ano. Guedes afirmou que o governo irá “desindexar, desvincular e desobrigar todas as despesas de todos os entes federativos”. – Eu quero privatizar todas as empresas estatais – afirmou o ministro. Na reportagem, o ministro disse que o governo fará uma “transformação sistêmica” e que o o eixo dessa transformação é “desinvestir e desmobilizar ativos públicos”. Guedes avisou que já existe uma lista das empresas públicas a serem alienadas pelo governo. Bolsonaro falou sobre a CPMF No dia 22 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que não pretende recriar a CPMF, após fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o assunto na véspera, mas, ao mesmo tempo, afirmou que ouvirá a opinião do auxiliar sobre o assunto e que está aberto a conversar a respeito. – Vou ouvir a opinião dele (Guedes). Se desburocratizar muita coisa, diminuir esse cipoal de impostos, uma burocracia enorme, eu estou disposto a conversar. Não pretendo, falei que não pretendo recriar a CPMF – disse. – O que ele (Guedes) complementou? A sociedade que tome uma decisão a esse respeito. Foi o que ele falou – completou.
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