Eliseu Padilha forneceu endereços para entrega de propina, afirma delator

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Publicado Sexta, 24 de Março de 2017 às 12:11, por: CdB

Carvalho Filho confirmou que entre os endereços repassados por Padilha estava o escritório de José Yunes, amigo e ex-assessor de Michel Temer (PMDB)

 

Por Redação - de Brasília

 

O chefe da Casa Civil do governo do presidente de facto, Michel Temer, passou a constar em novo depoimento ao ministro Herman Benjamin, relator do pedido de cassação da chapa Dilma-Temer do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-executivo da Odebrecht José de Carvalho Filho disse que Padilha lhe passou todos os endereços para o pagamento de R$ 4 milhões destinados ao PMDB, durante a campanha eleitoral de 2014.

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Padilha teria pedido que parte da propina fosse entregue no escritório do amigo de Michel Temer, no Centro da capital paulista

Carvalho Filho confirmou que entre os endereços repassados por Padilha estava o escritório de José Yunes, amigo e ex-assessor de Michel Temer (PMDB). A entrega do dinheiro teria ocorrido no dia 4 de setembro de 2014.

— Todos os endereços, esses e os outros que eu não me lembro me foram dados pelo Eliseu Padilha — disse Carvalho Filho, em juízo.

A senha

Ainda segundo o depoimento, Carvalho Filho afirmou que procurou Eliseu Padilha, “no escritório dele”.

— Comentei o fato, ele já sabia, evidente, e solicitei dele os endereços que eles poderiam receber e quem fez essa operação foi Operações Estruturadas. A sistemática era: eu chegava expor até ele e ele me fornecia o endereço, eu transmitia ao sistema de Operações Estruturadas a sra. Maria Lúcia (ex-secretária da Odebrecht), que uns dias depois, me entregava uma senha. Eu pessoalmente entregava essa senha, entreguei essa senha ao Sr. Eliseu Padilha — afirmou José de Carvalho Filho.

O ex-executivo da Odebrecht também relatou que não conhece o empresário Lúcio Funaro. "Nunca vi o Lúcio Funaro, nunca estive com o Lúcio Funaro e não sei quem é o Lúcio Funaro", disse Carvalho. 

As novas revelações podem abrir margem para que a defesa da presidente deposta Dilma Rousseff volte a pedir que Padilha e Yunes sejam ouvidos na ação de cassação. No dia 14 deste mês, o ministro Herman Benjamin negou pedido apresentado pela defesa de Dilma Rousseff para que Padilha e Yunes prestassem depoimentos na Justiça Eleitoral.

"Não houve referência, no conjunto probatório até aqui produzido, de fatos concernentes à atuação de Eliseu Padilha ou José Yunes que tenham correlação direta com o objeto desta causa, isto é, o financiamento da chapa Dilma-Temer em 2014", escreveu Benjamin em sua decisão.

Cunha

Ao ministro Herman Benjamin, Carvalho Filho também contou que recebeu um telefonema do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reclamando que não teria recebido R$ 500 mil.

"Tivemos uma discussão acalorada ao telefone. Achei estranho e comuniquei ao Cláudio (Cláudio Melo, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht): 'Cláudio, o fato foi esse e vamos esclarecer junto ao Eliseu'. Logo depois fomos ao Eliseu e esclarecemos.

“Ele achou muito estranho este fato e disse: 'Olha, se o endereço que eu dei e se fosse realmente entregue, o Sr. Yunes é uma pessoa de mais ou menos setenta anos, é de minha confiança, dificilmente não teria registrado isso". Isso causou um constrangimento a mim. (...) O mal-estar permaneceu e a empresa tomou, deliberou fazer outro pagamento de 500 (quinhentos) mil reais no valor, aquele que deu origem ao processo em discussão", afirmou o ex-executivo.

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