EUA contestam barreiras européias ao aço na OMC

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Publicado Terça, 09 de Abril de 2002 às 12:54, por: CdB

A guerra do aço ganha novos contornos. Os Estados Unidos decidiram recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as barreiras impostas pela UE (União Européia), aumentando ainda mais a tensão entre os dois principais parceiros comerciais do mundo. A Casa Branca solicitou a realização de uma consulta com os europeus para debater o protecionismo. Bruxelas, porém, argumenta que estabeleceu as barreiras para evitar as conseqüências de medidas estabelecidas pelos próprios americanos, no início de março. Segundo a UE, com as barreiras de 30% colocadas pelos Estados Unidos ao aço mundial, haveria o perigo de que os produtos siderúrgicos excedentes invadissem a Europa. Diante desse temor, Bruxelas aplicou barreiras de até 24% às importações de aço. Na avaliação dos diplomatas de Washington, a UE não tem justificativa para aplicar a barreira, já que os efeitos das novas taxas americanas não puderam, ainda, ser sentidos no mercado europeu. Aliança Além da queixa americana, uma aliança formada pelo Japão, UE, China Coréia, Suíça e Noruega se reúnem amanhã, com os Estados Unidos, para debater a nova sobretaxa imposta pela Casa Branca. Na OMC, o interesse dos países pelas consultas com os Estados Unidos chega a assustar os funcionários da organização. Muitos dizem que jamais viram uma disputa que houvesse despertado o interesse de tantos governos. No departamento legal da OMC, funcionários apontam que o contencioso poderá ter participação recorde na história da entidade. Até mesmo o Canadá e o México, parceiros comerciais dos Estados Unidos e pouco afetados pela taxa ao aço, decidiram recorrer à OMC contra os americanos. No caso do Brasil, que terá um prejuízo superior ao da China com as barreiras nos Estados Unidos, a decisão, por enquanto, é ficar de fora da aliança que se forma na OMC contra a Casa Branca. Na avaliação do diretor da OMC, Mike Moore, o mecanismo legal da organização é a melhor opção para os países prejudicados pelas barreiras ao aço para que possam solucionar suas disputas. "É para isso que ele (o mecanismo) existe, e encorajo os países a usarem os instrumentos legais", afirma Moore, que ainda se oferece para prestar serviços de "bons ofícios" entre as partes do conflito. Na OMC, a avaliação é de que o momento para aplicar novas barreiras não é conveniente. Depois de uma ameaça de recessão prolongada, a economia internacional volta a dar sinais de recuperação. No caso da sobretaxa ao aço, o governo Bush justificou a medida como forma de proteger os trabalhadores americanos em um momento de crise para o setor. Em 1930, o governo dos Estados Unidos aplicou uma sobretaxa à importação de 20 mil produtos, como estratégia para evitar que a Crise de 1929 se agravasse. Hoje, o consenso entre os economistas é de que, se a Casa Branca houvesse feito exatamente o contrário, o mundo e a própria economia americana teriam sofrido menos com a crise.

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