EUA enviaram armas a combatentes curdos na Síria, diz Erdogan

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Publicado Sexta, 23 de Setembro de 2016 às 12:21, por: CdB

A Turquia é parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, mas vê os curdos sírios do YPG e seu braço político PYD como uma extensão dos militantes curdos

Por Redação, com Reuters - de Istambul:

O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, acusou os Estados Unidos de fornecer mais armas a combatentes curdos no norte da Síria nesta semana, realizando dois carregamentos aéreos de armamentos ao que Ancara diz ser um grupo terrorista.

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O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan

Os comentários de Erdogan, feitos na quinta-feira durante um discurso em Nova York, devem aumentar as tensões entre a Turquia e Washington em relação ao apoio dos EUA às forças das Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla em curdo) envolvidas em operações contra combatentes do Estado Islâmico.

EI

A Turquia é parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, mas vê os curdos sírios do YPG e seu braço político PYD como uma extensão dos militantes curdos que vêm sustentando uma insurgência de três décadas em seu próprio território.

– Se você acha que pode acabar com o Daesh com o YPG e o PYD, não pode, porque eles também são grupos terroristas – disse Erdogan nos comentários transmitidos na televisão turca, usando o acrônimo árabe do Estado Islâmico.

– Três dias atrás a América lançou dois carregamentos aéreos de armas em Kobani para esses grupos de terror – disse, acrescentando que abordou o tema na quarta-feira com o vice-presidente norte-americano, Joe Biden, que, segundo Erdogan, não tinha conhecimento do fato.

Síria

Os EUA, que veem o YPG como um grande parceiro estratégico na luta contra o Estado Islâmico na Síria, entregaram armas ao grupo por via aérea na cidade predominantemente curda de Kobani em 2014. Erdogan afirmou que metade destas armas foi tomada por combatentes do Estado Islâmico.

Kobani foi sitiada pelo grupo extremista durante quatro meses no final de 2014 e fica cerca de 35 quilômetros ao leste da cidade síria fronteiriça de Jarablus, que rebeldes apoiados por Ancara tomaram um mês atrás em uma operação apelidada de "Escudo do Eufrates".

Essa operação foi concebida para expulsar militantes do Estado Islâmico da fronteira sul da Turquia, mas também gerou conflitos de forças rebeldes turcas e sírias com o YPG.

Catástrofe na Turquia

O clérigo turco que mora nos Estados Unidos e que foi acusado de traição pelo presidente da Turquia disse que Tayyip Erdogan está usando um golpe de Estado fracassado para se promover como um herói nacional, e exortou a Europa a intervir para evitar uma "catástrofe" em meio aos expurgos que vêm atingindo desde o Exército até o Judiciário.

Fethullah Gulen, que nega ter apoiado a tentativa de golpe de julho, insinuou em uma entrevista ao jornal italiano La Stampa que os líderes europeus fizeram muito pouco ao criticar Erdogan pelas prisões de dezenas de milhares de pessoas, de militares a jornalistas e de membros do Judiciário a artistas, e pela suspensão de cerca de 100 mil funcionários.

– A pressão interna dos refugiados, a proliferação de grupos radicais, a perseguição de dezenas de milhares de civis, a autoproclamação impulsiva de Erdogan como herói nacional... deveriam compelir os líderes europeus a adotar ações eficazes para impedir... a guinada do governo rumo ao autoritarismo – disse Gulen, sem explicar que tipo de ação deveria ser tomada.

Erdogan é de longe o político mais popular da Turquia há tempos, uma popularidade da qual ele vem abusando para ampliar seus poderes e reprimir a dissidência, segundo seus críticos, e que cresceu ainda mais após o golpe frustrado.

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