EUA podem reduzir presença militar também no Afeganistão

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Publicado Sexta, 21 de Dezembro de 2018 às 07:42, por: CdB

Depois de Trump anunciar planos de retirar tropas norte-americanas da Síria, Pentágono planejaria diminuir pela metade contingente em solo afegão. Medida teria contribuído para renúncia do secretário de Defesa, Jim Mattis.

Por Redação, com DW - de Washington

Pouco depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar planos de retirar as tropas americanas que combatem o "Estado islâmico" (EI) na Síria, fontes do governo afirmaram na quinta-feira que o Pentágono planeja reduzir pela metade o contingente de 14 mil soldados que atuam no Afeganistão. A medida seria uma mudança importante na política do governo Trump, cujo objetivo é obrigar o Talebã a participar de negociações de paz após mais de 17 anos de conflito.
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Soldados americanos patrulham as ruas de Ghazni, a oeste de Cabul
O presidente norte-americano já havia defendido anteriormente a retirada das tropas que combatem a insurgência do Talebã no Afeganistão, afirmando que a guerra é uma causa perdida. Mas, no início do ano, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, o convenceu a manter a presença militar no país como forma de pressionar o grupo radical islâmico, além de deter os avanços do EI. A decisão de reduzir o contingente em solo afegão, segundo relatos anônimos de fontes do governo à imprensa, teria sido um dos fatores que levou Mattis a anunciar na quinta-feira que deixará o cargopor discordar das visões do presidente. Os Estados Unidos iniciaram a intervenção no Afeganistão em novembro de 2001 após os ataques de 11 de setembro em solo norte-americano, atribuídos ao Talebã. Mais de 2,4 mil soldados foram mortos no conflito que mais durou no país e que gerou gastos de mais de US$ 900 bilhões a Washington. A decisão tomada por Trump surpreendeu autoridades e diplomatas estrangeiros em Cabul, concentrados em esforços intensificados para por fim ao conflito. Desde o início da intervenção americana, três presidentes prometeram trazer paz ao país, ordenando o reforço do contingente militar para combater o Talebã ou anunciando medidas para conter a corrupção no governo afegão. A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e os EUA encerraram oficialmente em 2014 suas missões de combate em solo afegão, mas as tropas americanas e aliadas permanecem no país, conduzindo ataques ao grupo "Estado Islâmico" e ao Talebã e fornecendo treinamento e estrutura para as forças de segurança locais. Os insurgentes do Talebã controlam quase a metade do território do país, realizando ataques quase diários contra as forças de segurança e autoridades do governo. Nos últimos meses houve algumas tentativas de reiniciar as negociações de paz com o grupo islamista, que podem agora estar ameaçadas pela provável redução da presença militar americana. Um porta-voz do presidente afegão, Ashraf Ghani, afirmou nesta sexta-feira que a decisão de Trump não afetará a estabilidade no país. "Se eles se retirarem do Afeganistão, isso não terá impacto sobre a segurança, uma vez que, nos últimos quatro anos e meio, os afegãos estiveram com o controle total", declarou.
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