EUA, Rússia e parcela do Islã definem rumos da guerra no Oriente Médio

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Publicado Domingo, 11 de Setembro de 2016 às 12:29, por: CdB

Na guerra que se desenvolve no Oriente Médio, o governo da Síria não emitiu um comentário oficial sobre a trégua, mas no sábado a imprensa síria afirmou que o governo tinha dado a sua aprovação, citando fontes privadas. O Irã saudou o acordo neste domingo

 
Por Redação, com agências internacionais - de Allepo, Síria, Paris e Sanaa
  O enfrentamento entre as políticas que, atualmente, dividem o mundo, segue adiante no Oriente Médio na tentativa de consolidação de espaços territoriais na Síria, país dividido pela guerra civil. Neste domingo, tropas do governo e rebeldes pareciam estar lutando para fortalecer suas posições em diversas partes da Síria, na véspera de uma trégua acordada entre o governo e grupos rebeldes, destinada a aliviar o sofrimento dos civis.
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O tabuleiro de xadrez do Oriente Médio abriga interesses dos mais diversos
Um monitor de guerra relatou à agência inglesa de notícias Reuters os confrontos ao redor de Aleppo e Damasco, mas investidas do governo no noroeste montanhoso e de rebeldes no sudoeste indicaram um esforço para melhoria de suas posições antes do fim dos combates, que devem se encerrar nesta segunda-feira.
om-graf.jpgFonte: SputnikNews - Gráfico - Oriente Médio - Síria
Acordos de paz anteriores desmoronaram dentro de semanas, com os EUA acusando o presidente Bashar al-Assad e seus aliados de atacar grupos de oposição e civis. No sábado, os ataques aéreos em áreas controladas pelos rebeldes mataram dezenas de pessoas. Neste domingo, um oficial de um grupo rebelde disse que facções insurgentes iriam emitir mais tarde uma declaração cautelosa de boas-vindas ao cessar-fogo, mas expressando preocupação sobre o que eles vêem como uma falta de sanções acordadas para o governo em caso de quebra do acordo. O governo da Síria não emitiu um comentário oficial sobre a trégua, mas no sábado a imprensa síria afirmou que o governo tinha dado a sua aprovação, citando fontes privadas. O Irã saudou o acordo neste domingo. Já os EUA, imersos na lembrança do 11 de Setembro de 2001, não teceram qualquer comentário. Nas redes sociais, porém, a oficial da Agência Central de Inteligência (CIA) Amaryllis Fox, já na reserva, presta um depoimento sobre as intenções do seu país e demais aliados, no Oriente Médio. Assista ao vídeo:

Sunitas versus houthis

Ainda neste domingo, morreram até agora 21 civis em dois ataques aéreos separados, realizados por uma coalizão liderada pelos sauditas no norte do Iêmen no sábado, afirmaram moradores neste domingo, num momento em que a luta se intensifica no país antes da festa muçulmana de Eid al-Adha. Os moradores disseram que pelo menos 15 civis foram mortos quando aviões de guerra miraram trabalhadores em atividades de perfuração por água na área de Beit Saadan do distrito de Arhab, no norte de Sanaa, e que outras 20 pessoas ficaram feridas. Segundo os moradores, aviões de guerra da coalizão liderada pelos sauditas bombardearam o local e mataram quatro trabalhadores, aparentemente confundindo a máquina de perfuração com um lançador de foguetes. Os aviões realizaram um segundo ataque, quando os moradores da aldeia correram para o local, matando pelo menos mais 11 pessoas e ferindo 20. O general Ahmed al-Asseri, porta-voz da coalizão, disse que "todas as operações na área tinham como alvo posições do grupo Houthi e seus membros". A coalizão, que tem lutado para reverter os ganhos obtidos pelo grupo Houthi desde 2014 e restaurar o presidente deposto Abd-Rabbu Mansour Hadi ao poder, diz que não tem civis como alvo. O Houthi é aliado do Irã. No segundo ataque no sábado, moradores relataram uma investida aérea que atingiu a casa de Sheikh Maqbool al-Harmali, um chefe tribal local no distrito de Hairan, província de Hajjah, matando seis civis. A ONU diz que mais de 10 mil pessoas já foram mortas nos combates, muitas delas civis.

EI na França

Dentro da disseminação do conflito entre setores do Islã e o Ocidente, a França confirma ser alvo de possíveis novos atentados do Estado Islâmico (EI), em um curto espaço de tempo. Neste domingo, o primeiro-ministro da França, Manuel Valls, disse que novos ataques podem acontecer no país, mas que propostas do ex-presidente Nicolas Sarkozy para aumentar a segurança não seriam a maneira certa de lidar com as ameaças. A capital francesa foi colocada em alerta elevado na semana passada quando autoridades disseram ter desmantelado uma "célula terrorista" que planejava um ataque a uma estação de trem em Paris, sob orientação do Estado Islâmico. — Esta semana, pelo menos dois ataques foram frustrados — disse Manuel Valls em uma entrevista veiculada pela rádio Europe 1 e pela televisão Itele nesta tarde. Valls disse que há 15 mil pessoas no radar da polícia e dos serviços de inteligência que estariam no processo de se radicalizarem. — Haverá novos ataques, haverá vítimas inocentes... também é meu papel dizer a verdade para os franceses — preveniu Valls. Em uma entrevista ao jornal Le Journal du Dimanche, Sarkozy disse que a França precisa ser mais dura com militantes ao criar cortes especiais e novas cadeias para elevar a segurança. — Ele está errado ao tentar torcer o pescoço do Estado de direito — conclui Valls.
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