Família Bolsonaro coleciona imóveis comprados com dinheiro suspeito

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Publicado Sexta, 17 de Julho de 2020 às 14:50, por: CdB

O relacionamento com o até então deputado federal, em 1997 durou até 2008. No período, o casal somou um patrimônio de R$ 3 milhões na data de separação, cerca de R$ 5,3 milhões em valores corrigidos pela inflação, acrescenta o relatório vazado nesta sexta-feira para a mídia conservadora.

Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro
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Flávio e Carlos Bolsonaro, filhos do presidente, estão cada vez mais envolvidos em processos no STF
Com o progresso das investigações acerca do envolvimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus filhos com a milícia armada, que atua na Zona Oeste do Rio de Janeiro, promotores do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ) descobriram que a segunda ex-mulher do mandatário neofascista, Ana Cristina Siqueira Valle, enriqueceu durante o casamento. Ao lado do marido ela comprou 14 apartamentos, casas e terrenos. O relatório do MPE-RJ, vazado para uma revista semanal que chega aos assinantes, neste fim de semana, estrutura-se em perto de 40 escrituras de compra e venda e 20 registros em cartórios no Rio de Janeiro e em Brasília. Antes de se relacionar com Bolsonaro, Ana Cristina era casada com um coronel da reserva do Exército. O relacionamento com o até então deputado federal, em 1997 durou até 2008. No período, o casal somou um patrimônio de R$ 3 milhões na data de separação, cerca de R$ 5,3 milhões em valores corrigidos pela inflação, acrescenta o relatório.

Carluxo

A compra de imóveis com recursos de origem controversa, no entanto, também ocorreu no primeiro casamento de Bolsonaro. Investigado por suspeita de estruturar um esquema de “rachadinha”; além da contratação de funcionários fantasmas em seu gabinete, no Rio, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), ou Carluxo, como também é conhecido o segundo filho, o ’02’ como é chamado pelo presidente, comprou um apartamento à vista em Brasília. O imóvel, no entanto, não está registrado em seu nome. O imóvel, que custou R$ 470 mil, está registrado em nome da mãe, Rogéria Bolsonaro, segundo registra a revista semanal de ultradireita Crusoé, na edição desta sexta-feira. A compra do apartamento somente foi revelada após a quebra dos sigilos bancário e fiscal de quatro ex-assessores do parlamentar no âmbito do inquérito que apura a existência de um esquema de “rachadinha” no gabinete do irmão, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), quando este era deputado estadual pelo Rio de Janeiro. Além dos filhos, a mulher do senador Flávio Bolsonaro também está envolvida no escândalo que originou a investigação contra o clã presidencial. O policial militar aposentado Fabrício Queiroz depositou R$ 25 mil em dinheiro na conta de Fernanda Bolsonaro. O então assessor do deputado ajudou o casal quitar a primeira parcela na compra de uma cobertura em construção no bairro das Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Milícia

Informações obtidas após a quebra de sigilo bancário obtidos pelo MPE-RJ revelam que o depósito, ao lado de outras movimentações financeiras na conta da dentista, foi usado no pagamento da parcela inicial do imóvel. Há, ainda, um depósito em espécie de R$ 12 mil realizado por uma pessoa cuja identidade é mantida sob sigilo. Amigo do presidente Jair Bolsonaro, Queiroz é apontado pelo MP-RJ como o operador financeiro do esquema da “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde ele exerceu o mandato de deputado estadual de fevereiro de 2003 a janeiro de 2019. Os promotores investigam se o ex-pm, com ligações estreitas na milícia, recolhia parte do salário de alguns assessores para repassá-los ao hoje senador. Preso no mês passado em Atibaia, no interior de São Paulo, Queiroz está atualmente em prisão domiciliar, pedida por sua defesa e concedida pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha. A mulher dele, Márcia Aguiar, que também responde a processo e, nesta manhã, chegou à Central de Monitoramento do Estado do Rio.

Outro lado

Intimada pela Justiça, ela compareceu ao local para colocar uma tornozeleira eletrônica. Márcia cumpre prisão domiciliar junto com o marido. Queiroz deixou o presídio no dia 10 de julho já com a tornozeleira eletrônica. Ele foi ouvido pelo Ministério Público (MP) na quarta-feira. Os advogados do senador afirmaram, em nota, que “não há nenhuma ilegalidade nas contas de Fernanda e de Flávio Bolsonaro”. “Todas essas questões foram esclarecidas nos autos. Os vazamentos de informação, ocorridos diariamente, causam estranhamento na defesa. O processo é sigiloso e os detalhes na imprensa só podem ter sido divulgados por quem tem acesso aos depoimentos. Por esse motivo, a defesa fará uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) para a devida apuração”, concluíram.
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