Filho de Bolsonaro cogita fechar o STF ‘com um cabo e um soldado’ sem qualquer consequência

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Publicado Domingo, 21 de Outubro de 2018 às 15:33, por: CdB

Ao menos o ex-presidente da República, o tucano Fernando Henrique Cardoso quebrou o silêncio em relação ao avanço das forças neofascistas, lideradas pela campanha de Bolsonaro. Ele condenou, nesta tarde, as declarações de Bolsonaro filho.

 
Por Redação - do Rio de Janeiro e São Paulo
  Sem qualquer obstáculo jurídico à frente, o deputado federal recém-eleito Eduardo Bolsonaro, filho do candidato neofascista à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), não responde — até agora — a nenhum processo por ameaçar, de forma explícita, a ordem democrática do país.
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Eduardo Bolsonaro, ao atualizar seu perfil, em uma rede social, trocou 'poço' por 'posso' e virou piada nas rede sociais
Nem mesmo a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, conhece do ataque às instituições e afirma que, no Brasil que ela conhece, “as instituições funcionam plenamente”.

Fascismo

Ao menos o ex-presidente da República, o tucano Fernando Henrique Cardoso quebrou o silêncio em relação ao avanço das forças neofascistas, lideradas pela campanha de Bolsonaro. Ele condenou, nesta tarde, as declarações de Bolsonaro filho. Ele afirmou que "basta um soldado e um cabo" para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). "As declarações do dep. E Bolsonaro merecem repudio dos democratas. Prega a ação direta, ameaça o STF. Não apoio chicanas contra os vencedores, mas estas cruzaram a linha, cheiram a fascismo. Têm meu repúdio, como quaisquer outras, de qualquer partido, contra leis, a Constituição", disse FHC, em uma rede social. FHC, ao citar o fascismo, remete à campanha maciça de mensagens com notícias falsas realizadas por apoiadores do candidato de ultradireita. Parte dos recursos utilizados para o crime, segundo investiga a Polícia Federal (PF) pode ter sido obtida com dinheiro público. A Havan, uma das empresas centrais mencionadas no escândalo de disparo em massa de propaganda eleitoral via WhatsApp, utilizou R$ 12.323.338,27 dos cofres públicos para o financiamento de 147 supostos projetos culturais, via Lei Rouanet.

Exército

O mecanismo de incentivo fiscal permite que empresário adiante o dinheiro e depois realize o abate da quantia no Imposto de Renda devido. As informações constam da página da Lei Rouanet no Ministério da Cultura. O escândalo foi revelado pela Folha de São Paulo em 18 de outubro, a dez dias do segundo turno. Os valores são coincidentes com as quantias contratadas para o envio das mensagens ilegais. O líder tucano também se referiu às declarações do filho de Bolsonaro, realizadas antes do primeiro turno, como resposta a uma pergunta feita por alguém da plateia sobre qual seria a reação do Exército no caso de impugnação da candidatura de Bolsonaro. — A gente tá caminhando para um Estado de exceção... O STF vai ter que pagar pra ver e aí quando ele pagar pra ver, vai ser ele contra nós. Você está indo para um pensamento que muitas pessoas falam e que muito pouco pode ser dito. Mas se o STF quiser arguir qualquer coisa, sei lá, recebeu uma doação ilegal de R$ 100 de José da Silva e impugna a ação dele. Não acho isso improvável, não — disse.

Credibilidade

Segundo Bolsonaro, “aí eles vão ter que pagar para ver”. — Será que vão ter essa força toda mesmo? O pessoal até brinca lá: se quiser fechar o STF você não manda nem um Jipe, manda um soldado e um cabo. Não é querendo desmerecer o soldado e o cabo. O que que é o STF? Tira o poder da caneta de um ministro do STF, o que que ele é na rua? — questiona. E continua: — Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular em favor dos ministros do STF? Milhões na rua "solta o Gilmar, solta o Gilmar" (referência o ministro do STF Gilmar Mendes), com todo o respeito que tenho pelo ministro Gilmar medes, que goza de imensa credibilidade junto aos senhores — satiriza.

Zero em português

Para Bolsonaro, ”é igual a soltar o Lula”. — O Moro (juiz federal Sergio Moro) peitou um desembargador que está acima dele, por quê? Porque o Moro está com moral pra cacete. Vai ter que ter um colhão f.d.p. para conseguir reverter uma decisão dele — afirma. Ao lado das palavras de baixo calão, Eduardo Bolsonaro também agride a língua pátria. Ao atualizar seu perfil nas redes sociais, na última sexta-feira, com uma postagem crítica a Fernando Haddad e ao PT, acabou cometendo um erro crasso de português. O texto se transformou em piada na internet. Ao compartilhar uma cópia com reportagens do jornal O Estado de S.Paulo, Bolsonaro, reeleito deputado federal por São Paulo, disse que o “PT e Andrade” estão “cada vez mais no fundo do posso (sic)”.
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