Gêmeos do levantamento de peso compartilham rotina e sonho olímpico

Arquivado em:
Publicado Quarta, 23 de Agosto de 2017 às 08:59, por: CdB

A rotina só separa os dois quando estagiam em lugares diferentes, só que para fazer a mesma coisa: são instrutores em aulas de crossfit na capital mineira

Por Redação, com ABr - de Taipei:

No levantamento de peso, cada atleta tem três chances de tentar superar suas marcas durante as competições, mas os árbitros brasileiros já sabem que, se o mesmo rosto aparecer seis vezes para erguer a barra, ele pertence aos gêmeos Gabriel e Rafael Fernandes, de 20 anos. Em seu primeiro ano como adultos no esporte, a dupla representou o Brasil na Universíade de Taipei e treina com um objetivo em comum: chegar à Olimpíada de Tóquio, em 2020.

gemeos.jpg
Rafael (de camisa preta) e Gabriel Fernandes treinam e estudam juntos na universidade. Ao centro, o treinador Márcio Júnior

O caminho até a capital japonesa é compartilhado entre os dois durante praticamente todo o dia. Atletas universitários, eles estudam educação física na mesma turma do Centro Universitário Estácio de Sá; treinam no Clube Recreativo Mineiro e moram sob o mesmo teto. A rotina só separa os dois quando estagiam em lugares diferentes, só que para fazer a mesma coisa; são instrutores em aulas de crossfit na capital mineira.

O único lugar em que não podem estar juntos é no pódio; e por isso decidiram disputar medalhas em categorias diferentes. Gabriel ficou na que permite pesar até 62kg, e Rafael subiu para a de até 69kg.

Treinador

– O treinador não queria que fosse um ouro e uma prata, ou bronze e uma prata. Ele queria dois ouros. E não tem para dois atletas na mesma categoria – disse Rafael, que logo teve o raciocínio concluído por Gabriel: "Ele não queria que a gente disputasse os mesmos pódios sempre. Por isso, o Rafa decidiu subir e eu decidi manter. Foi um consenso. Agora vamos subir de novo, o Rafa vai para 77kg, e eu vou pra 69kg".

O treinador a que eles se referem é também o chefe da equipe de levantamento de peso na Universíade. Márcio Júnior, que é tio dos dois e percebeu o interesse dos sobrinhos ainda no início da adolescência. Netos e sobrinhos de atletas do esporte; eles desde a infância já tentavam imitar os movimentos. Quando tinham 12 anos, ficou claro para o tio que podiam levar a brincadeira a sério.

Competição

– Enquanto eu estava acompanhando minha mãe no hospital; eles ficavam muito com a minha esposa. Ela faz alguns movimentos por estética e começou a mostrar a eles. Aí, a gente despertou para isso e logo depois eles começaram a treinar. A primeira competição foi quase um ano depois – lembra o técnico. "Em 2010, foi o primeiro brasileiro, e eles vêm tirando em primeiro e segundo e; desde que mudaram as categorias, primeiro e primeiro".

Com corpos geneticamente idênticos, os gêmeos são a prova de que cada categoria requer um tipo de preparação. Com 1,70m, Gabriel precisa manter uma dieta rígida para continuar na categoria de até 62kg; enquanto Rafael pode "comer de tudo" para competir com menos de 69kg. Para a altura deles, a categoria ideal. No entanto, é a de até 85kg; o que eles devem demorar a atingir.

– É um trabalho muito longo. De 62kg para 85kg é muito peso – reconhece Gabriel.

Pódio

Na Universíade, os dois não subiram ao pódio: Rafael foi o 15º de sua categoria, e Gabriel, o nono. O desempenho não desanimou os gêmeos, que talvez tenham que lidar ainda com um problema no sonho olímpico: a possibilidade de o Brasil levar apenas um atleta masculino para a olimpíada, o que vai depender dos resultados gerais do país nas próximas competições. Nesse caso, mesmo que estejam em categorias diferentes, Rafael e Gabriel voltarão a ser concorrentes no sonho que dividem diariamente.

– Se ele conquistar essa vaga, vai ser como se eu tivesse ido. E se eu for, sei que para ele vai ser como se fosse ele – diz Gabriel, que concorda com o irmão de que eles também não devem se intimidar com a concorrência de atletas que já tiveram mais resultados.

 A mesma coisa que a gente tem eles têm, dois braços e duas pernas. Basta treinar e correr atrás dessa vaga – afirma Rafael.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo