General Mourão quer coordenar ministérios e evitar trapalhadas de Bolsonaro

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Publicado Sexta, 23 de Novembro de 2018 às 13:02, por: CdB

Se no governo o papel autodefinido seria coordenar o trabalho de ministérios, no campo político ele afasta a tese de que, com a vitória da ultradireita, nas urnas, o Brasil passe a viver sob a tutela de militares.

 
Por Redação - de Brasília
  Na contramão da tendência de aproximação total do governo de Jair Bolsonaro (PSL) aos EUA, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, ressalta que o bom relacionamento com a China “é fundamental”. Na opinião dele, o Brasil também precisa manter o diálogo com o Mercosul antes de "extinguir, derrubar, boicotar" o acordo e gerar uma grande trapalhada, segundo afirmou, nesta sexta-feira, a jornalistas.
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Mourão foi impedido de falar em nome de Bolsonaro, após declarações polêmicas, mas voltou à cena política após as eleições
Morão acredita, ainda, que é preciso cautela para tratar da mudança da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém pois ela pode transferir a "questão do terrorismo internacional" para o Brasil. Quanto à privatização da área de refino da Petrobras, o militar pondera que uma medida dessa envergadura exigiria mais estudos. Se no governo o papel autodefinido seria coordenar o trabalho de ministérios, no campo político ele afasta a tese de que, com a vitória da ultradireita, nas urnas, o Brasil passe a viver sob a tutela de militares. — O país entrou numa tal rota de falta de ética, de corrupção, ineficiência e má gestão que a população como um todo passou a se voltar para as Forças Armadas. E as Forças Armadas se mantiveram calmas em suas funções — acrescentou.

Comprar brigas

Quanto à aproximação da diplomacia brasileira à linha de Washington, definida a partir do governo de Donald Trump, Mourão admite que ‘a posição dos EUA é inquestionável. É a potência hegemônica, que tem capacidade de travar guerra em dois locais diferentes ao mesmo tempo e grande projeção tecnológica. É um mercado a ser explorado e uma parceria estratégica”. — Mas não podemos descuidar dos outros grandes atores da arena internacional. Não podemos nos descuidar do relacionamento com a China — frisou. A diferença entre os governo Trump e Bolsonaro, na visão do general, mais experiente, é que “ Trump comanda a maior economia do mundo e pode comprar certas brigas”. — Nós podemos comprar as brigas que podemos vencer. As que a gente não pode, não é o caso de comprar — pontua.

Comércio

Brigar com a China seria um bom exemplo desse ponto de vista, segundo Mourão. — Tenho certeza absoluta de que nós não vamos brigar, pois 34% das nossas exportações são para a China. Não podemos fechar esse caminho pois tem outros loucos para chegarem nele — adiciona. O anúncio de que o Brasil pode mudar a sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém foi outro ponto abordado por Mourão, em rápida entrevista a um dos diários conservadores paulistanos, nesta manhã. — É óbvio que a questão terá que ser bem pensada. É uma decisão que não pode ser tomada de afogadilho, de orelhada. Nós temos um relacionamento comercial importante com o mundo árabe. E competidores que estão de olho se perdermos essa via de comércio. Há também uma população de origem árabe muito grande em nosso país, concentrada nas nossas fronteiras. Temos sempre que olhar a questão do terrorismo internacional oriundo da questão religiosa, que poderá ser transferida para o Brasil se houver um posicionamento mais forte em relação ao conflito do Oriente Médio — pondera.

Meio ambiente

Mourão também dimensionou as declarações do chanceler escolhido por Bolsonaro, o diplomata Ernesto Araújo. Ele disse, recentemente, que o debate das mudanças climáticas fazem parte de uma trama marxista para sufocar as economias ocidentais, pouco antes de externar sua desconfiança quanto ao formato da Terra, que seria chata, segundo imagina. — Não resta dúvida de que existe um aquecimento global. Não acho que seja uma trama marxista. Mas vamos falar do outro lado da moeda: o ambientalismo é utilizado como instrumento de dominação indireta pelas grandes economias. Quando você coloca amarras no nosso país por meio de um ambientalismo xiita, de ONGs, você tolhe um pouco o potencial que o país tem — concluiu.
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