O Grupo Globo, que apoia a agenda ultraneoliberal do atual governo na economia, mas crítica sua pauta conservadora nos costumes e teme seu autoritarismo na política, segue na liderança.
Por Altamiro Borges - de São Paulo
O jornalista Ricardo Feltrin, que monitora a evolução da audiência na televisão brasileira, postou duas notas curiosas na semana passada. Na primeira, ele registra que “desde janeiro os bolsonaristas radicais atacam, xingam, sobem hashtags negativas, tripudiam dos erros, desprezam os acertos, perseguem os profissionais da Globo nas redes, mas o público nacional médio da emissora, aparentemente, não está nem aí. Desde que o governo Bolsonaro começou, o ibope da emissora só cresceu”.Record ruma para o inferno
Não é só a TV Brasil, com o seu governismo babaca, que está em crise. Segundo Mauricio Stycer, em matéria publicada na Folha na sexta-feira, o jornalismo chapa-branca da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), do “pastor” Edir Macedo, também ruma para o inferno. “Depois de um primeiro quadrimestre razoável, com médias entre 8 e 9 pontos, o Jornal da Record começou a perder audiência em maio e não parou mais de cair. Nem mesmo a profunda reforma realizada neste início de setembro conteve a fuga de público”. Telejornal da Record“Dados do Kantar Ibope referentes a São Paulo mostram que o principal telejornal da Record teve um início de ano razoável com médias de 8,3 e 8,7 pontos em janeiro e fevereiro, alcançou o seu pico em março, com 9,2 e retornou para 8,1 em abril. A partir daí começa uma queda que chama a atenção. Em maio e junho, a média do telejornal foi de 7 pontos, em julho caiu para 6,6 e em agosto despencou para 5,6. Fato raro, nas duas últimas semanas de agosto o JR não aparece nem entre os dez programas mais assistidos da emissora”. Como aponta o especialista em mídia, a Record até estreou um projeto multiplataforma e um cenário novo, mas as mudanças milionárias não reverteram a queda de audiência. “Entre março (média de 9,2) e setembro, o JR perdeu 41% em audiência, uma queda muito significativa”. Mauricio Stycer aponta várias razões para a queda, como a baixa audiência da nova novela da emissora, e relativiza o peso da linha editorial governista. Mas parece evidente que a credibilidade do jornalismo da emissora caminha rapidamente para o inferno, com todo o respeito aos "bispos" e mercadores da Iurd.Altamiro Borges, é jornalista.
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