Governo admite que país não resiste ao isolamento social por mais tempo

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Publicado Segunda, 22 de Junho de 2020 às 12:06, por: CdB

Ao participar de debate online promovido pela Câmara dos Deputados, ele pontuou que ficar em casa deve ser uma opção apenas para os que estão no grupo de risco para a infecção pelo coronavírus.

Por Redação - de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo

O assessor especial do Ministério da Economia Guilherme Afif afirmou nesta segunda-feira que é necessário fazer a reabertura agora porque a economia não resiste muito tempo ao isolamento social. A queda nos níveis de produção e consumo, no país, atinge níveis jamais vistos na História recente do país.

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Consultor do Ministério da Economia, o empresário Guilherme Afif prega o fim do isolamento social

Ao participar de debate online promovido pela Câmara dos Deputados, ele pontuou que ficar em casa deve ser uma opção apenas para os que estão no grupo de risco para a infecção pelo coronavírus.

Afif avaliou que o retorno à atividade está começando a ser feito com o cuidado necessário e que não é possível abrir mão desse processo.

Monitor

O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, teve queda de 6,1% no trimestre encerrado em abril deste ano, na comparação com o trimestre finalizado em janeiro.  O dado é do Monitor do PIB, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), nesta segunda-feira.

Segundo a FGV, nesse período, apenas a agropecuária teve crescimento (1,9%). A indústria e os serviços anotaram quedas. A indústria recuou 9,1%, com destaque para a indústria da transformação, que caiu 12,5%.

Já os serviços diminuíram 10,7%. As maiores perdas foram observadas nos outros serviços, que diminuíram 22,1%. Nessa categoria, se enquadram setores como alimentação fora de casa, alojamento e serviços domésticos, entre outros.

Covid-19

Segundo o coordenador da pesquisa, Claudio Considera, esses setores foram os que mais sentiram o impacto da covid-19. Na comparação com o trimestre encerrado em abril de 2019, a queda chegou a 4,9%. Considerando-se apenas o mês de abril, a retração foi ainda maior: -9,3% na comparação com março deste ano e -13,5% na comparação com abril do ano passado.

— O dado de abril mostra que, a retração recorde da economia, não apenas no PIB, porém disseminada em diversas atividades e componentes da demanda, é a pior da história recente. A indústria e o setor de serviços, que respondem por aproximadamente 95% do valor adicionado total da economia, também tiveram os maiores recuos de sua série histórica iniciada em 2000, assim como o consumo das famílias e a formação bruta de capital fixo — afirma Considera.

Em linha com os estudos da FGV, analistas do mercado fizeram pequenos ajustes a suas estimativas econômicas, mantendo a previsão de que a taxa básica de juros será mantida no atual patamar de 2,25% até o final do ano, enquanto o grupo dos que mais acertam passou a ver a Selic ainda mais baixa.

Projeções

A pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira apontou que a expectativa permanece sendo de que a Selic encerrará este ano a 2,25% e 2021 a 3,00%, depois de o BC ter feito um corte de 0,75 ponto percentual, para a nova mínima histórica de 2,25% ao ano, ao mesmo tempo em que deixou aberta a porta para nova redução “residual” à frente.

Entretanto, o Top-5, grupo dos que mais acertam as previsões, reduziu o cenário para a Selic este ano a 1,75%, de 2,25% antes. Para 2021, a conta subiu a 2,63% na mediana das projeções, de 2,25%.

O mercado aguarda agora a divulgação da ata do encontro na terça-feira e do Relatório de Inflação na quinta-feira em busca de mais indicações sobre a visão do BC para a política monetária e o cenário econômico.

Crescimento

O levantamento semanal apontou que a expectativa para a alta do IPCA aumentou em 0,01 ponto percentual para este ano, a 1,61%, permanecendo em 3% para 2021.

O centro da meta oficial de 2020 é de 4% e, de 2021, de 3,75%, ambos com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Para o Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa para este ano é de contração de 6,50%, contra queda de 6,51% prevista antes, passando a um crescimento de 3,50% no ano que vem.

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