Governo sem estratégia

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Publicado Terça, 29 de Maio de 2018 às 12:36, por: cdb

O chefe da secretaria de Governo, como sempre, onde tinha um flash, lá estava ele, para dar entrevistas em nome do governo; com argumentos desencontrados.

 
Por Nelson Rocha - do Rio de Janeiro
  Estava sem escrever há pelo menos dois meses. Mais por falta de vontade de comentar sobre as desilusões com o nosso país do que outra coisa. Precisava me revigorar para, sob a caneta ou o teclado afiado, voltar a comentar o cotidiano do Brasil; que muitas vezes mais parece um palco de comédia dramática, uma “dramédia”; do que outra coisa.
O presidente de facto, Michel Temer, esteve reunido com seus assessores no Planalto
O governo tem tratado temas capitais para o país de forma desleixada e inconsequente
Volto no momento em que o país se paralisa por causa de uma greve; ou um lock-out. Ninguém sabe direito quem organizou o movimento, mas que, de um jeito ou de outro, deixou o governo com as calças na mão; sem saber o que fazer. Atordoado. O presidente da Petrobras, que não arredava o pé da política desastrosa de preços; teve que ceder. O chefe da secretaria de Governo, como sempre, onde tinha um flash, lá estava ele, para dar entrevistas em nome do governo; com argumentos desencontrados. O presidente (de facto) da República, achando que ainda poderia ser candidato; desistiu de vez. Alguns outros ministros do governo, sumiram.

Caminhoneiros

A população revoltada com a política e os políticos apoiou o movimento; mesmo sendo prejudicada com a falta de combustível e a escassez de produtos. Parece incrível, e é. Em uma semana, o país virou o caos, sem transporte; sem alimentos, sem produtos; sem governo. Tudo isso, em função de uma greve de caminhoneiros. Daí, coloquei-me a pensar sobre os setores estratégicos do Brasil. Um governo sem legitimidade, que não consegue sequer estar preparado para articular alternativas no caso de uma situação como a que aconteceu; em que o povo ficou refém da situação. A maioria do congresso de fantoches controlados por esse governo quer tomar decisões sobre setores estratégicos; como a privatização da Eletrobrás, empresa estratégica do setor de energia, por conta das grandes geradoras controladas por ela. Enquanto isso, EUA e China tratam a questão de geração de energia como soberania nacional; exatamente pela importância estratégica que tem.

Situação complexa

Um país que abdica de sua soberania é capaz de conceder isenções tributárias de R$ 1 trilhão, até 2040; para empresas da indústria estrangeira do petróleo (MP do Trilhão). Enquanto isso, trata a sua principal empresa (Petrobras) sem considerar a sua importância estratégica para o país. Se houve problemas de corrupção na empresa, que se punam os culpados com rigor. Mas não podemos deixar que utilizem isso para dilapidar o patrimônio do povo brasileiro. Precisamos parar de ter administradores amadores. E considero amadores também aqueles que somente veem o mercado à frente. Precisamos de gestores com capacidade técnica. Com visão estratégica de país. Não pode ser uma discussão de esquerda ou direita; trata-se de soberania e estratégia nacional. Ou podemos nos deparar com uma situação muito mais complexa do que a que vivemos nesses últimos dias com o desabastecimento. Nelson Rocha foi secretário de Fazenda do Estado do Rio, presidente do Conselho Regional de Contabilidade e, atualmente, é contador, empresário e é acadêmico na Academia Nacional de Economia.
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