Há risco de voltarmos às intervenções dos EUA

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Publicado Sexta, 16 de Fevereiro de 2018 às 14:43, por: CdB

Não devemos esquecer que iniciamos este século, com o sequestro de um presidente venezuelano, onde o golpe sustentado pelo governo dos EUA fracassou em 2002, em uma clara demonstração de força política de Hugo Chaves.

 
Por Maria Fernanda Arruda - do Rio de Janeiro

 

A recente passagem do secretário de estado, Rex Tillerson, do governo Trump, por alguns países da América Latina merecem um breve e preventivo balanço. Afinal estes governos norte-americanos fizeram 63 operações militares, entre 1806 e 1950. Sem esquecer das intervenções diretas dos seus embaixadores, ou, das invasões militares, recorrentes no México, Colômbia, Nicarágua, Cuba e Panamá, lembrando ainda da Argentina.

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Maria Fernanda Arruda é colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras

Difícil imaginar, mais um ciclo intervencionista, de um governo norte-americano no continente de predominância latina, particularmente no momento de tantas derrotas acumuladas mundo afora, no somatório de imbróglios que vão do Afeganistão, passando pelo Iraque e, encerrando na Síria, todos malsucedidos e reinventados à luz de interesses geopolíticos definidos, em tempos de ascensão pós 2ª Guerra Mundial.

Não devemos esquecer que iniciamos este século, com o sequestro de um presidente venezuelano, onde o golpe sustentado pelo governo dos EUA fracassou em 2002, em uma clara demonstração de força política de Hugo Chaves, a pedra no sapato dos sucessores norte-americanos. A mesma Venezuela, antes defendida contra ameaça dos alemães, ingleses e italianos de bloqueio naval para uma dívida em 1904. A pedra no sapato atual tem nome, Nicolás Maduro, que o esperam ver em uma praia cubana, segundo declarações dadas! Ou seriam pedras, em velhos sapatos intervencionistas?

Ataques pandêmicos

Já Paraguai, Honduras e Brasil tiveram golpes bem sucedidos e sem resistências orgânicas, partidárias, institucionais, nesta segunda década, deste novo século de conturbados conflitos, em cenários onde a atuação conjunta da China e Rússia preocupa cada vez mais a potência belicista, cuja supremacia está sendo colocada em cheque neste momento. Até mesmo pelos seus aliados naturais, como a Argentina de Macri, a Colômbia de Santos, o Chile de Piñera…

Certamente os tempos do unilateralismo se foram, mesmo tão preferida por estes governos intervencionistas dos EUA, em seus ciclos goberianos, entre sístoles e diástoles programadas ao sabor da sua capacidade de circular com naturalidade pelo mundo da informação privilegiada e sigilosa, tão combatida no sentido inverso.

Neste jogo diplomático, os sinais andam sendo propagados pelas siglas, Alba, Petrocaribe, Unasul, Mercosul, CELAC, que introduzirão novos dilemas ao ensaio intervencionista direto, sem intermediários locais, o que poderá fragilizar ainda mais esta desesperada ação, de um país ainda maltratado internamente com seus ataques pandêmicos, com 17 mortes em uma escola, 18º evento no ano.

Enquanto se preocupam com Nicolás Maduro, deveriam procurar entender a continuada precarização dos seus Nicolás Cruz!

Teremos um Rex, cachorro ou diplomata, como secretário de Estado dos EUA?

Maria Fernanda Arruda é escritora e colunista do Correio do Brasil.

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