IGP-M sobe, mas índices deixam margem para corte de juros

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Publicado Sexta, 09 de Dezembro de 2016 às 12:59, por: CdB

Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) apresentou alta de 0,30%. No período anterior, houve recuo de 0,29%

 

Por Redação - de São Paulo

 

O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) voltou a subir na primeira prévia de dezembro, com alta de 0,20%, depois de recuo de 0,11% no mesmo período do mês anterior, com a retomada do avanço dos preços no atacado.

comercio-abr-1.jpgDe acordo com dados do IBGE, os alimentos ajudaram a derrubar os índices de inflação. Isso abre caminho para a queda dos juros

Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) apresentou alta de 0,30%. No período anterior, houve recuo de 0,29%. O índice mede a variação dos preços no atacado e responde por 60% do índice geral.

Aluguel

No IPA, os preços dos produtos industriais apresentaram alta de 0,87% no período, acelerando com força depois de variação positiva de 0,01% no mês anterior.
Por outro lado, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% no índice geral, registrou recuo de 0,02% na primeira prévia de dezembro, após alta de 0,25% no mesmo período de novembro.

A FGV ressaltou o comportamento do grupo Habitação, cujos preços caíram 0,32% na primeira prévia de dezembro, após alta de 0,15% no período anterior. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), por sua vez, desacelerou a alta a 0,12%, depois de subir 0,27% na primeira prévia de novembro.

O IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de energia elétrica e aluguel de imóveis. A primeira prévia do IGP-M calculou as variações de preços no período entre os dias 21 e 30 do mês de novembro.

Em queda

Já a inflação oficial brasileira subiu menos do que o esperado em novembro. Chegou ao menor nível para o mês em 18 anos, com o índice indo abaixo de 7% em 12 meses pela primeira vez em quase de dois anos. O fato consolida apostas de que o Banco Central vai intensificar o afrouxamento monetário. E abre espaço para que o teto da meta seja alcançado.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu em novembro 0,18%, contra 0,26% no mês anterior, menor leitura para o mês desde 1998, quando recuou 0,12%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

Com isso, em 12 meses a inflação acumulada até novembro chegou a 6,99%, sobre 7,87% no mês anterior, na primeira vez que vai abaixo da casa de 7% desde dezembro de 2014 (6,41%), ainda que num cenário de recessão econômica que prejudica a demanda.

— A redução da inflação tem um efeito da recessão sobre preços de vestuário, alimentos e passagens aéreas. Há uma interferência clara da demanda menor. Esse é um reflexo da recessão — destacou a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.

Corte de juros

As expectativas em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters junto a analistas eram de alta de 0,27% em outubro. Assim, acumula em 12 meses avanço de 7,08%. Na semana passada, o BC deu sequência ao ciclo de afrouxamento monetário com novo corte de 0,25 ponto percentual na Selic, o segundo seguido, levando-a a 13,75%.

O resultado de novembro do IPCA consolida as apostas no mercado. A maioria acredita que o próximo corte da taxa básica de juros será de 0,5 ponto percentual.

— O IPCA mostra que há grande espaço para cortar os juros — disse o economista-sênior do Banco Haitong, Flávio Serrano.

Ele acrescenta que, na sua avaliação, o BC deve esperar ter mais elementos antes de ampliar o corte para 0,75 ponto:

— De 0,50 em 0,50 ponto ele consegue dosar melhor.

A ata do último encontro do BC mostrou que houve discussão sobre aumentar o ritmo de cortes. Alguns membros disseram que a evolução favorável da inflação, a aprovação inicial de medidas fiscais e o ritmo fraco da economia justificariam o movimento.

Nesta semana, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, reforçou essa visão. Ele afirmou que a autoridade monetária está sensível ao nível de atividade econômica e que a ancoragem das expectativas é o que abre espaço para flexibilização nos juros.

Recuo

As principais influências para o resultado de novembro foram os grupos alimentação e bebidas, com queda de 0,20%. E artigos de residência, com recuo dos preços de 0,16%. Entre os alimentos, as maiores quedas foram registradas por feijão carioca (-17,52%) e tomate (-15,15%).

Na outra ponta, os grupos que apresentaram em novembro as maiores altas foram saúde e cuidados pessoais, de 0,57%. E despesas pessoais, de 0,47%. A inflação de serviços, por sua vez, desacelerou ligeiramente a alta em novembro. Foi a 0,42%, sobre 0,47% no mês anterior, acumulando em 12 meses 6,84%

O resultado da inflação em 12 meses até novembro está ainda acima do teto da meta oficial do governo, de 4,5% pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais. Mas depois desse resultado bem mais fraco que o esperado, já se fala em ficar dentro da meta este ano.

— Existe a possibilidade real de o IPCA fechar dentro do teto da meta. Em dezembro do ano passado foi muito alto para o atual padrão da inflação — disse Eulina, do IBGE. Ela lembra que o IPCA subiu 0,96% no último mês de 2015.

Gasolina

A alta da gasolina anunciada neste mês, entretanto, pode prejudicar esse cenário. A Petrobras anunciou o aumento do preço da gasolina em 8,1% nas refinarias. Isso pode fazer o combustível subir 3,4% nas bombas.

— Se não fosse o reajuste da gasolina, que vai pressionar o IPCA em dezembro, as chances não seriam impossíveis (de alcançar o teto da meta ainda este ano) — disse o economista da Tendências Marcio Milan.

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