Indústria do petróleo aplaude iniciativa neoliberal do governo Temer

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Publicado Quarta, 28 de Setembro de 2016 às 11:34, por: CdB

De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Jorge Camargo, há uma expectativa de que o projeto que privatiza a Petrobras na operação de todos blocos do pré-sal seja aprovado ainda neste ano, após as eleições municipais

 
Por Redação, com Reuters - de São Paulo
 

A indústria de petróleo e gás do Brasil tem visto forte apoio do governo do presidente Michel Temer a mudanças em questões cruciais da regulação energética do país. Nomeadamente, o fim da obrigatoriedade de a Petrobras ser operadora de todos campos do pré-sal e questões de política de conteúdo local. Os executivos acreditam que pode haver "um boom de investimentos", afirmou nesta quarta-feira uma associação que reúne empresas do setor.

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Päl Eitrheim, diretor da estatal norueguesa, Estatoil, no Brasil, diz que companhia veio para ficar

O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Jorge Camargo, espera que o projeto que privatiza a Petrobras, na operação pré-sal, seja aprovado ainda neste ano. Após as eleições municipais. A exigência do nível de nacionalização de equipamentos exigido no setor também é alvo das multinacionais. Há um grupo de trabalho criado pelo governo junto a associações da indústria, para rever tal posição.

Preço do petróleo

— As reuniões (com o governo) têm sido muito boas. Temos levado essa agenda da indústria e ele (o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho). Ele tem nos dito que essa é a agenda que o governo pretende implantar. Ele tem dado muito apoio a essas mudanças", disse Camargo a jornalistas.

O presidente do IBP acrescebta que melhorias na regulamentação que tornem o Brasil mais competitivo podem dobrar a participação do país nos investimentos globais. Tanto em exploração quanto na produção de petróleo, dos atuais 5,8% para entre 7% e 10%. Esse avanço “poderia ajudar inclusive na recuperação do Brasil diante da atual crise econômica”, diz ele.

— Daí a importância de a gente ter um sentido de urgência nessas mudanças necessárias para o setor de óleo e gás retomar. Os principais setores brasileiros dependem de certa retomada da economia para voltar a crescer. A indústria de petróleo não, ela é relativamente independente, só depende do preço do petróleo. Pode ser um alavancador e ajudar a retomada da economia — afirmou.

Ele disse que, diante da recessão econômica e da crise da Petrobras, o setor vive talvez sua pior fase no país em 60 anos. Mas segue animado com as sinalizações de mudança nas políticas energéticas apresentadas na gestão Temer. O presidente de facto assumiu o país após a cassação da presidente Dilma Rousseff, após a edição de um golpe de Estado.

Pré-sal brasileiro

O presidente da norueguesa Statoil no Brasil, Päl Eitrheim, também defendeu as mudanças citadas pelo IBP, como na operação do pré-sal pela Petrobras e no conteúdo local. O comentário do executivo foi em linha com declarações do presidente da Petrobras, Pedro Parente. Ele afirmou, na véspera a Michel Temer, que mudanças em questões regulatórias podem dar resposta rápida para ajudar na retomada da economia brasileira.

O presidente da Statoil no Brasil reafirmou o grande interesse da companhia no país, onde ela é líder como operadora estrangeira. Segundo afirmou, os recursos energéticos brasileiros são provavelmente os maiores e melhores do mundo.

Ele lembrou que hoje os países competem globalmente pelos investimentos. Com suas grandes reservas, o Brasil precisa apenas “ajustar a regulamentação”, ou seja, vender seus ativos.

— Isso vai se traduzir em oportunidades no futuro. A Statoil já investiu no país e quer investir mais. É uma região 'core' para nós, a mais importante que temos fora da Noruega. E estamos no país para o longo prazo. Não para os próximos dois ou três anos, mas para os próximos 30 a 50 anos — conclui Eitrheim.

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