Inflação permanece no centro das preocupações do Banco Central

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Publicado Sexta, 07 de Outubro de 2016 às 12:18, por: CdB

Em rota de colisão com os comentários de Goldfajn, no entanto, o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 0,03% em setembro. A inflação chegou a 0,43% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV), nesta sexta-feira

 
Por Redação, com Reuters - de Brasília e Washington
  Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn disse, nesta sexta-feira, que a inflação parece estar recuando. Mas permanecem dúvidas sobre se o núcleo da inflação continuará a diminuir. Goldfajn conversou com jornalistas nos bastidores da reunião do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, na capital norte-americana. Seus comentários ocorrem após a inflação afrouxar mais do que o esperado em setembro.
Ilan-Goldfajn.jpgDurante sabatina, Ilan destacou que a queda na inflação ajuda na possibilidade de corte nos juros
Em rota de colisão com os comentários de Goldfajn, no entanto, o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 0,03% em setembro. A elevação chegou a 0,43% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV), nesta sexta-feira. A inflação oficial brasileira, por sua vez, atingiu em setembro o menor nível em pouco mais de dois anos. Foi favorecida pela queda dos preços dos alimentos e baixa demanda, com alívio maior que o esperado na taxa acumulada em 12 meses. Trata-se de um cenário benigno para que o BC inicie a redução dos juros neste mês. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve variação positiva de 0,08% em setembro. Desacelerou ante a alta de 0,44% de agosto. Essa é a menor leitura mensal desde julho de 2014 (+0,01%) e a mais baixa para o mês de setembro desde 1998 (-0,22%). Os dados constam de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira.

Alta acumulada

Em 12 meses até setembro, a alta acumulada caiu para 8,48%, sobre 8,97% no período até o mês anterior. Embora permaneça bem acima do teto da meta — de 4,5% pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais — é a mais baixa desde maio de 2015. No período, atingiu 8,47%), num ambiente em que a taxa básica de juros vem sendo mantida em 14,25%, desde o ano passado. — Acho que esse IPCA reforça a possibilidade de (o BC) iniciar o corte da Selic agora em outubro. Mas acho que ele será cauteloso. E começa com corte de 0,25 ponto percentual, diante do quadro relativamente incerto em relação à própria inflação — afirmou a jornalistas o economista da SulAmérica Investimentos Newton Rosa. Ambos os resultados ficaram abaixo da expectativa em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters. O estudo mostra alta de 0,20% em setembro, acumulando em 12 meses avanço de 8,60%. — O fator demanda baixa tem contribuído bem para esta estabilidade de preços num mês em que as taxas normalmente são mais altas. O que temos em setembro é menos efeito do choque dos alimentos e do câmbio — explicou a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.

Serviços e leite

O grupo Alimentação e Bebidas foi o principal responsável pelo resultado de setembro do IPCA. Registrou recuo de 0,29%, depois desses preços subirem 0,30% em agosto. Grande parte dos alimentos pesquisados apresentou redução na taxa ou queda nos preços na comparação mensal em setembro. Somente os preços do leite longa vida, que vinham subindo sistematicamente desde o início do ano, caíram 7,89%. Gerou, assim, o maior impacto para baixo no índice, de -0,10 ponto percentual. Artigos de residência e transportes também registraram queda dos preços no mês passado, respectivamente de 0,23% e 0,10%. Dos nove grupos que compõem o IPCA, apenas três mostraram taxas mais altas do que em agosto. Foram eles Habitação (0,63%), Vestuário (0,43%) e Comunicação (0,18%). O arrefecimento da pressão de serviços é mais um fator favorável para que a inflação ceda. No setor, a atividade registrou alta de preços de 0,33% em setembro, após 0,59% no mês anterior, chegando a 7,04% no acumulado em 12 meses. — Os serviços, puxados por hotéis e passagens, desaceleraram mais e isso tem um efeito forte da demanda menor também — disse Eulina, do IBGE.

Abaixo do centro

As expectativas entre economistas e investidores de que o BC cortará a Selic na reunião de 18 e 19 de outubro vêm aumentando. Depois de quatro semanas projetando manutenção, a última pesquisa Focus mostrou que a expectativa agora é de corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros. O BC já vinha apontando progressos em relação à alta dos preços de alimentos e passou a ver a inflação abaixo do centro da meta tanto em 2017 quanto em 2018. — A dissipação do choque de alimentos e alívio gradual na pressão sobre os serviços devem contribuir para melhorar o balanço geral de riscos para a inflação e dar conforto suficiente ao BC para iniciar o afrouxamento gradual da atual postura monetária restritiva na reunião de outubro — afirmou em nota o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs Alberto Ramos. Para ele, o BC inicia com um corte de 0,25 ponto percentual na Selic este mês, seguido de outro de 0,50 ponto em novembro. O presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou esta semana que não há um cronograma preestabelecido para flexibilização da política monetária, repetindo que há um processo de desinflação em curso mas que sua velocidade segue incerta. Acompanhe, a seguir, a variação mensal dos grupos (em %):

Setembro e Agosto

• Alimentação e bebidas -0,29 0,30 • Habitação 0,63 0,30 • Artigos de residências -0,23 0,36 • Vestuário 0,43 0,15 • Transportes -0,10 0,27 • Saúde e cuidados pessoais 0,33 0,80 • Despesas pessoas 0,10 0,96 • Educação 0,18 0,99 • Comunicação 0,18 -0,02 • IPCA 0,08 0,44
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