Publicado Terça, 18 de Junho de 2019 às 07:30, por: CdB
Ultrapassar o limite de urânio no cerne do acordo provocaria uma crise diplomática, forçando os outros signatários do pacto, que incluem China, Rússia e potências europeias, a confrontarem o Irã.
Por Redação, com Reuters - de Genebra/Dubai
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, disse nesta terça-feira que o país não vai travar guerra com nenhuma nação, e a Rússia pediu que os Estados Unidos interrompam o que Moscou chamou de planos provocativos de enviar mais tropas para o Oriente Médio.
Petroleiro em chamas no Golfo de Omã
Os temores de um confronto entre o Irã e os EUA, seu inimigo de longa data, cresceram desde quinta-feira, quando dois navios-tanques foram alvo de ataques perto do Estreito de Hormuz, uma rota marítima estratégica, que Washington atribuiu a Teerã.
O Irã negou envolvimento nos ataques e disse na segunda-feira que em breve violará os limites estabelecidos para seu estoque de urânio enriquecido em um acordo nuclear de 2015 que visa conter sua capacidade nuclear.
Ultrapassar o limite de urânio no cerne do acordo provocaria uma crise diplomática, forçando os outros signatários do pacto, que incluem China, Rússia e potências europeias, a confrontarem o Irã.
O impasse levou a China a pedir cautela. Seu principal diplomata alertou que o mundo não deveria abrir uma “caixa de Pandora” no Oriente Médio, ao mesmo tempo em que criticou a pressão dos EUA sobre o Irã e apelou para que este último não rompa com o acordo nuclear histórico.
A Rússia pediu aos Estados Unidos que cessassem as ações que, segundo Moscou, parecem ser uma tentativa consciente de provocar uma guerra com o Irã, e pediu moderação em todos os lados.
Tentativas
– O que vemos são tentativas intermináveis e contínuas dos EUA de provocar uma pressão política, psicológica, econômica e sim militar sobre o Irã de maneira bastante provocativa – disse o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, segundo agências de notícias russas.
Em um discurso, Rouhani minimizou os esforços norte-americanos para isolar seu país, que considera fracassados, e insinuou que o governo do presidente Donald Trump é inexperiente em questões internacionais.
Mas ele disse que o Irã não busca um conflito.
– O Irã não travará guerra com nenhuma nação – disse Rouhani em um discurso transmitido ao vivo pela televisão estatal.
“Apesar de todos os esforços dos norte-americanos na região e de seu desejo de cortar nossos laços com todo o mundo e de seu desejo de manter o Irã isolado, eles foram mal-sucedidos”.
Na segunda-feira, autoridades iranianas fizeram vários comentários enfáticos sobre segurança, inclusive o secretário do Supremo Conselho de Segurança Nacional, Ali Shamkhani, que disse que Teerã é responsável pela segurança no Golfo Pérsico e exortou as forças dos EUA a deixarem a região.
EUA
Ainda na segunda-feira, o secretário de Defesa interino dos EUA, Patrick Shanahan, anunciou o envio de cerca de mil soldados adicionais ao Oriente Médio para o que descreveu como propósitos defensivos, citando preocupações com uma ameaça do Irã.
O novo destacamento se soma a um reforço de 1,5 mil tropas anunciado no mês passado em reação aos ataques contra navios-tanque em maio. Washington já havia endurecido sanções, ordenando que todas as nações e empresas parem de importar petróleo iraniano para não serem banidas do sistema financeiro global.