Iraque inicia ofensiva diplomática contra EUA

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Publicado Sábado, 05 de Outubro de 2002 às 20:17, por: CdB

O governo iraquiano começou uma ofensiva diplomática entre países do Golfo Pérsico para intensificar a oposição dos seus vizinhos a um possível ataque dos Estados Unidos contra o Iraque. O ministro das Relações Exteriores do Iraque, Naji Sabri, está fazendo um apelo pela "solidariedade" dos países da região, alertando-os que um possível ataque poria em risco a estabilidade de todo o Oriente Médio. "É uma ameaça para o futuro de toda a região", disse Sabri, em um pronunciamento em Bahrain, país aliado dos Estados Unidos que, teoricamente, pode ser usado como base para futuros ataques contra Bagdá. Sabri entregou uma carta de Saddam Hussein ao rei de Bahrain - Sheik Hamad bin Isa al-Khalifa - antes de seguir para Omã, onde continuará com a campanha diplomática. Viagem adiada Enquanto isso, funcionários do governo americano têm se esforçado para conseguir apoio nos Estados Unidos e no exterior para uma nova resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a inspeção de armas no Iraque. O próprio inspetor-chefe da ONU, Hans Blix, já concorda com uma nova resolução. Depois de se encontrar o Secretário de Estado americano, Colin Powell, em Washington, na sexta-feira, Blix disse que a volta dos inspetores da ONU ao Iraque deveria ser adiada até que o Conselho de Segurança aprove uma nova resolução sobre o assunto. O esboço de uma nova resolução, elaborado pelos Estados Unidos e pela Grã-Bretanha, exige que o Iraque permita acesso ilimitado, em qualquer lugar do país, com uma clara ameaça de ação militar caso o governo de Saddam Hussein não cumpra com a promessa. Resistência Mas o apoio a uma nova resolução está longe de ser unânime. Rússia e França manifestaram, também na sexta-feira, oposição a uma possível votação sobre uma nova e mais severa resolução da ONU em relação à inspeção de armas iraquianas. O presidente russo, Vladimir Putin, entrou em rota direta de colisão com os Estados Unidos ao afirmar que os inspetores de armas da ONU têm que voltar ao Iraque "o quanto antes". A Rússia também tem poder de veto no Conselho de Segurança da ONU. Um porta-voz do ministério do Exterior da França afirmou que "não há um motivo legal para uma nova resolução" para as inspeções do arsenal do Iraque. Há sinais de que os Estados Unidos poderiam ceder e talvez aceitar a proposta francesa de separar as inspeções das retaliações militares em duas resoluções separadas. Segundo Justin Webb, correspondente da BBC em Washington, a Casa Branca não gostou da solução proposta pela França, mas o Departamento de Estado parece achar a saída aceitável. Turquia A Turquia, aliado-chave dos Estados Unidos no caso de uma ofensiva militar contra Saddam Hussein, também se manifestou e afirmou que qualquer ataque ao Iraque precisa ter o apoio da comunidade internacional. O primeiro-ministro turco, Bulent Ecevit, negou que os Estados Unidos tenham formalmente pedido autorização para usar as bases navais do país, no caso de uma ação militar no Iraque. Uma estação de TV turca, a NTV, havia informado que os EUA pediram para colocar mais aviões na base de Incirlik e também queriam usar duas outras bases no sudeste da Turquia - uma em Diyarbakir e uma em Batman. Corespondentes da BBC em Istambul dizem que há uma forte oposição no país ao uso de força contra o Iraque, sem o apoio da comunidade internacional. Eles afirmam, no entanto, que as autoridades turcas em nenhum momento sugeriram que iriam recusar ajuda aos Estados Unidos. Durante a Guerra do Golfo, a base principal usada por aviões americanos e britânicos ficava na Turquia e, até hoje, essa base é usada para o patrulhamento das zonas de exclusão aéreas.

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