Isabelle Huppert é a redatora-chefe por um dia do Libèration

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Publicado Quarta, 22 de Agosto de 2001 às 17:58, por: CdB

Isabelle Huppert é, hoje, uma atriz muito impressionante. Recentemente, personagens como "Obrigado por este chocolate", de claude Chabrol, e "Saint-Cyr", de patricia Mazuy, ou a sua interpretação teatral em Medéia, marcaram os espíritos. Em maio, recebeu o prêmio de Melhor Atriz do festival de Canes no papel em "A Pianista", de Michael Haneke, que será exibido em 5 de Setembro. A jovem mulher de hoje, descoberta há vinte e cinco anos em "Valseuses", de Bertrand Blier, continua lá. Está mesmo cada vez mais presente, tomando, ao fio dos filmes e das peças, uma dimensão suplementar: "O Juiz e o Assassino" (Tavernier), "La Dentellière" (Goretta), "A Porta do Paraíso" (Cimino), "Loulou" (Pialat), "A História de Piera" (Ferreri), "A Escola da Carne" (Jacquot), "Orlando" (montado por Bob Wilson), e as belas parcerias com Jean-Luc Godard e certamente Chabrol ("Violeta Nozière", "Um Negócio de Mulheres", "Madame Bovary", "A Cerimônia" e "Rien ne va plus"). E continua, mesmo assim, difícil descrever o jogo de cena de uma atriz, o porque e o como de sua presença. A força de Isabelle Huppert é dar-se por inteira em todos os papéis, com cuidado escolhidos, preservando ao mesmo tempo o seu enigma. Existe nela um fervor retido, inquieto, que a coloca à distância. No entanto, esta espécie de frieza atrai irresistivelmente o espectador. Imóvel, muda, quase mineral, Huppert é esta pedra preciosa, magnética, que capta os olhares. No limiar de seu rosto, eis a zona mais interna da existência. Isabelle Huppert transmite a cada pessoa uma parte muito pessoal, na qual todos podem reconhecer-se. Isabelle Huppert é também uma atriz que se arrisca, trapezista que se lança acima e no vazio. Reverenciada em todo o mundo, ela continua a escolher papéis de alto risco, que parece mesmo ser a única capaz de assumir. Ao mesmo tempo em que se lança neste jogo perigoso, ela se prepara, e prepara ainda seus scripts e os suas aparições. Huppert continua uma atriz inteligente, que pode falar, ou fala, de igual a igual, com Nathalie Sarraute, Claude Régy, Bob wilson, Jean Baudrillard ou Henri Cartier-Bresson. Conversando com ela, Libèration recolheu alguns fluidos desta singular presença. Leia alguns trechos da entrevista: Sobre o conflito no Oriente Médio: "Chagall teria sido sem dúvida de acordo.. Lí em um jornal "Carta a um amigo israeliano". Não lí "Carta a um amigo iraquiano". Não lí "Carta a um amigo libanês". Não lí "Carta a um amigo sírio", para permanecer nesta região. Ou se faz a paz. Ou vai-se para um desastre " Sobre a pena de morte: "Trata-se de um retrocesso, reminicência de paixões medievais em um mundo que tenta progredir e encontrar regras de direito que não sejam tão revoltantes. Onde quer que exista, e não somente nos Estados Unidos, é necessário banir a pena de morte." Sobre a imigração: "Não é de se surpreender que os países ricos atraiam os países pobres. O que se constata é que, independentemente das regras impostas de lugar para lugar, não se altera grande coisa. Ademais que os países ricos também tiram suas vantagens. A miscigenação das populações desagua em contribuições culturais e criativas das quais se beneficiam. A imigração não é uma calamidade, ainda que os países ricos procurem estabelecer regras as mais humanas possíveis."

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