Jogo de poder, cinismo e citações poéticas

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Publicado Sexta, 16 de Dezembro de 2016 às 12:50, por: CdB

Renan também foi criticado por Randolfe Rodrigues, do Rede. "Voltam-se contra Calheiros que, dessa forma, passa a ser contraditoriamente, o defensor das liberdades democráticas (na verdade, em defesa própria)

 

Por Maria Fernanda Arruda - do Rio de Janeiro

 

O projeto nazi-fascista de autoria dos fanáticos de Curitiba, aprovado pela Câmara, passou a sofrer contestações no Senado, mesmo com as mudanças, existindo senadores que se opõem às alterações atenuadoras feitas lá: O senador Cristovam Buarque afirmou que Renan “estava cometendo um abuso de autoridade para combater o abuso de autoridade”.

tres-poderes.jpgCármen Lúcia, Temer e Renan, os representantes em poder da República

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) também se posicionou contra. Ele argumentou que o projeto tinha sido aprovado na madrugada e ainda não era de conhecimento dos senadores. O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado,mencionou que o presidente do Senado estava mudando o regimento da Casa para de forma “açodada” votar um projeto de autoria do Ministério Público, avalizado pela população, mas que foi “desfigurado” pela Câmara dos Deputados.

Renan também foi criticado por Randolfe Rodrigues, do Rede. "Voltam-se contra Calheiros que, dessa forma, passa a ser contraditoriamente, o defensor das liberdades democráticas (na verdade, em defesa própria, pois o fortalecimento de Moro & procuradores só poderá levá-lo à cadeia).

Jogo de poder

Dizer o que sobre isso? Renan Calheiros é o nosso defensor, contra o arbítrio da justiça curitibana? A imprensa é defensora do Calheiros-legalista? E por que? Gilmar Mendes, consorciado com Calheiros, no plenário do Senado, reduziu Moro ao que ele é: um fantoche.

Torna-se com isso, ministro Gilmar um defensor dos valores democráticos? Ao decidir pelo afastamento de Calheiros, Marco Aurélio de Mello faz-se inimigo da Democracia, defendendo uma supremacia do Judiciário sobre os dois outros Poderes. Estará ele associado a Ronaldo Caiado, em oposição às posições de quem? Do próprio Gilmar?

Das fornalhas do Congresso estão sendo trazidas ao consumo público pizzas das mais bizarras. O cardápio será lido com correção. Tentando entender, convenhamos: Gilmar Mendes, presidindo o TSE e controlando o STF, através da Ministra Carmem Lúcia, sua devota mais que fiel, é quem tem a todos em suas mãos: os que devem à Justiça, todos, todos enfim, inclusive os senhores do PT.

Mulher cordata

São constatações o descrito acima. Para os senhores do Congresso, importa que se reequilibrem as instituições abaladas pela Verdade e pelo Pudor. Também ao Judiciário. E isso embarca na mesma nau Renan e Gilmar Mendes. Em que condições: todos serão libertados do jugo da Lava-jato, isso, não por amor democrático à Justiça, mas para que todos, respirando aliviados, reconheçam-se eternos devedores de gratidão para com ele, ministro. E Gilmar é FHC, não, Geraldo Alckmin; com ele, a balança da Justiça pesará em benefício do Príncipe dos Sociólogos, de Serra e Aécio, de quem for possível safar, em tempo, da justiça de Curitiba.

Sendo isso não mais do que um negócio, o que será pago a Gilmar Mendes é penas e tão só o poder. No momento de transição, até que criem condições "democráticas", para a terceira eleição de FHC, é possível que um mandato também seja entregue a uma mulher cordata, amante da paz, negociadora e suficientemente erudita para enfeitar o seu voto com uma cijtação poética.

Maria Fernanda Arruda é midiativista, escritora e colunista do Correio do Brasil.

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