Em meados de janeiro, a autoridade cortou os juros básicos pela terceira vez consecutiva, a 13% ao ano, voltando a aplicar o mesmo nível de corte na quarta-feira, o que levou a Selic a 12,25% ao ano
Por Redação - de Brasília
Os juros médios e o spread bancário seguiram em trajetória de alta no primeiro mês do ano, segundo dados do Banco Central divulgados nesta quinta-feira, apesar da continuidade do ciclo de afrouxamento monetário pelo BC e da estabilidade da inadimplência sobre dezembro.
Em meados de janeiro, a autoridade cortou os juros básicos pela terceira vez consecutiva, a 13% ao ano, voltando a aplicar o mesmo nível de corte na quarta-feira, o que levou a Selic a 12,25% ao ano.
O movimento, contudo, não surtiu efeito no barateamento do crédito no mês passado. Considerando apenas o segmento de recursos livres, em que as taxas são definidas livremente pelas instituições financeiras, os juros médios foram a 52,8% em janeiro, sobre 51,6% em dezembro.
Spread aumenta
Já o spread, que mede a diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final, subiu 2 pontos, a 41,7 pontos percentuais.
Isso ocorreu a despeito da inadimplência ter ficado estável sobre o mês anterior, a 5,7%.
O ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, estimou que a liberação do saque de contas inativas do FGTS --medida anunciada pelo governo do presidente Michel Temer para impulsionar a atividade-- promoverá diminuição do endividamento das famílias, impactando positivamente os índices de inadimplência e as taxas de spread no ano.
Em outra medida para redução do custo do crédito, o governo aprovou no fim de janeiro a instituição de um prazo máximo de 30 dias para uso do rotativo do cartão de crédito. De acordo com a norma, o saldo devedor não liquidado totalmente no vencimento da fatura do cartão só poderá ser financiada pelo rotativo até o vencimento da fatura seguinte.
Estoque menor
Os bancos terão até 3 de abril para implementar as medidas. No mês passado, entretanto, os juros do cartão de crédito seguiram em alta, ao patamar recorde de 486,8% ao ano no rotativo, ante 484,6% em dezembro.
A modalidade de crédito parcelado no cartão também sofreu um ajuste para cima, com juros médios de 161,9% ao ano, contra 153,8% em dezembro.
O estoque total de crédito no Brasil interrompeu dois meses de crescimento consecutivo, caindo 1,0% em janeiro sobre dezembro, a 3,074 trilhões de reais. Com isso, passou a responder por 48,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
Após um recuo histórico de 3,5% em 2016, o BC estimou no ano passado que o saldo geral de financiamentos no país terá avanço de 2% em 2017, na esteira da modesta recuperação projetada para a economia.
Receita em queda
Embora o governo tenha celebrado a alta de 0,76% na receita em janeiro, isso se deve a fatores pontuais, como a alta nos royalties do petróleo.
Dados da Receita Federal mostram que, descontada a inflação, a arrecadação de R$ 131,8 bilhões é 0,75% menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado.
No caso da arrecadação da Receita Federal, a queda só não foi maior em razão do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, que somaram receitas de R$ 37,3 bilhões no mês passado e tiveram um crescimento real de 3,56% na comparação com janeiro de 2016.
PIS/Cofins
Indicadores que influenciam diretamente na arrecadação federal, como a produção industrial e a venda de bens e serviços, apresentaram piora em janeiro na comparação com mesmo período do ano passado, destacou a Receita.
— O desemprego continua piorando, e isso se reflete sobre os tributos sobre a folha de pagamento e também sobre o consumo — observou Claudemir Malaquias, chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita.
As receitas com PIS/Cofins, que tradicionalmente acompanham o comportamento do consumo, somaram R$ 25,8 bilhões, ou seja, uma queda de 5,7% na comparação com janeiro de 2016.
A arrecadação de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) também caiu para R$ 4,3 bilhões, queda real de 12,92%% ante o primeiro mês do ano passado.
Inflação em alta
O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) subiu 0,08% em fevereiro após alta de 0,64% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.
O IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de energia elétrica e aluguel de imóveis.
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) avançou 0,40% na terceira quadrissemana de fevereiro, desacelerando ante a alta de 0,49% na segunda quadrissemana do mês, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV).