Libaneses vão às ruas dispostos a derrubar o governo de Hariri

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Publicado Domingo, 20 de Outubro de 2019 às 10:07, por: CdB

Estes protestos espontâneos, em massa, que acontecem pelo quarto dia consecutivo e devem prosseguir nesta segunda-feira, são as maiores manifestações do Líbano em cinco anos.

 
Por Redação, com agências internacionais - de Beirute
  Milhares de libaneses saíram às ruas da capital, neste domingo, no quarto dia de um movimento de protesto que exige a renúncia de toda a classe política, acusada de corrupção. O movimento, ampliado para várias cidades do país, nasceu de forma espontânea na quinta-feira, após o anúncio de uma tarifa para as ligações feitas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.
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Milhares de libaneses foram às ruas, neste domingo, em protesto contra o governo de Saad Hariri
A medida foi cancelada por pressão das ruas. Mas a irritação dos libaneses foi canalizada em seguida para a situação econômica e política em geral, em um país onde mais de 25% da população vive abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial (BM). Segundo a agência norte-americana de notícias Associated Press (AP), os manifestantes dançavam e cantavam nas ruas, alguns agitavam bandeiras libanesas e gritavam: "O povo quer derrubar o regime”.

Classe dominante

Estes protestos espontâneos, em massa, que acontecem pelo quarto dia consecutivo e devem prosseguir nesta segunda-feira, são as maiores manifestações do Líbano em cinco anos, e estenderam-se além de Beirute. Os manifestantes quiseram demonstrar a "raiva crescente contra uma classe dominante que dividiu o poder entre si e acumulou riquezas durante décadas, mas pouco fez para regenerar uma economia em ruínas e deixou as infraestruturas degradadas". Para segunda-feira, a Associação de Bancos Libaneses (ABL) anunciou neste domingo o encerramento de todas as agências bancárias, com o objetivo de "garantir a segurança dos funcionários", durante as manifestações de protesto, previstas. Os distúrbios surgiram após o governo propor novos impostos, como parte de medidas de austeridade, para fazer face a uma crescente crise económica. Os protestos trouxeram para as ruas pessoas de todas as idades, e de diferentes linhas políticas e orientações religiosas, que caracterizam o país, destaca a reportagem da AP. — As pessoas não aguentam mais. Não há boas escolas, eletricidade e água — alertou Nader Fares, um manifestante no centro de Beirute, acrescentando que está desempregado.

Líbano

Os políticos estão agora numa corrida contra o tempo para apresentar um plano de resgate económico, na esperança de virem a acalmar a população. Na noite de sábado, o líder cristão libanês Samir Geagea abandonou o governo de coligação, com a renúncia de quatro dos seus ministros. Geagea, que chefia o Partido das Forças Libanesas, de direita, afirmou que já não acredita que o atual Governo de unidade nacional, liderado pelo primeiro-ministro Saad Hariri, consiga retirar o país da profunda crise económica. — Estamos agora convencidos de que o governo é incapaz de assumir as medidas necessárias para salvar a situação. Em consequência, o nosso bloco decidiu pedir aos seus ministros para se demitirem — declarou.

Ministros

O anúncio de Geagea foi acolhido com regozijo pelos manifestantes em Beirute, que apelaram a outros países para abandonarem o governo. Na noite de sexta-feira, Hariri repassou aos seus parceiros da coligação governamental um ultimato de 72 horas, para que apoiassem as reformas económicas em curso. Um dia depois, o premiê disse que iria se reunir com os ministros, na tentativa de deter a possível queda do governo. O país atravessa uma crise econômica sem precedentes, quando a dívida do país ascende a mais de US$ 86 mil milhões, 150% do Produto Interno Bruto (PIB). Bancos Os protestos explodiram após a decisão do Governo de impor novos impostos, no quadro do seu programa de austeridade, taxando, por exemplo, as chamadas e mensagens através da aplicação Whatsapp. Casos de corrupção e de má gestão governamental intensificaram as manifestações. Ao anunciar, mais cedo, que a banca estará encerrada na segunda-feira, a ABL alegou necessidade de"garantir a segurança dos funcionários", durante as manifestações de protesto, previstas.
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