Liberação da maconha, no Brasil, ajudaria resolver drama dos presídios, dizem especialistas

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Publicado Sexta, 03 de Fevereiro de 2017 às 12:44, por: CdB

A legalização de drogas se coloca "agudamente" na agenda brasileira, afirmou o ministro, em entrevista recente. Em conversa com jornalistas, Barroso defendeu a legalização da maconha

 

Por Redação, com agências internacionais - de Brasília, Rio de Janeiro e Juneau, EUA

 

A liberação do consumo recreativo e medicinal da maconha aproxima-se, rapidamente, como uma solução para o problema da superlotação dos presídios. Ainda, como parte da solução para a criminalidade e a violência do tráfico de drogas, no país. O assunto é alvo da avaliação do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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A maconha é plantada, colhida e utilizada, livremente, em parte dos EUA e da Europa

A legalização das drogas se coloca "agudamente" na agenda brasileira, afirmou o ministro, em entrevista recente. Em conversa com jornalistas, Barroso defendeu a legalização da maconha - seja na produção, distribuição ou no consumo. Segundo o ministro, o produto deveria ser tratado como o cigarro, sendo tributada e alvo de regulação por parte do Poder Público.

Para Roberto Barroso, a atual política brasileira no enfrentamento das drogas tem sido "contraproducente". O ministro também afirmou que, caso a experiência com a legalização da maconha seja bem sucedida, o mesmo poderia ser feito com a cocaína.

Repercussão

A declaração do ministro do STF, sobre a legalização da maconha no país — e talvez no futuro até da cocaína — recebeu a atenção imediata do público, O ponto de vista do magistrado reacendeu o debate quanto à política de drogas, no Brasil. Nesta sexta-feira, nas mídias sociais, especialistas argumentavam tanto a favor quanto contra a legalização.

— Nas últimas décadas, o endurecimento das leis contra o tráfico de drogas levou a uma explosão do encarceramento. Grande parte dos homens e a maioria das mulheres estão presos por tráfico, e isso só serve para fortalecer o crime organizado, que nasce nas cadeias, e não nas ruas — lembra o vereador Renato Cinco (PSOL-RJ). Ele é integrante do coletivo da sociedade civil “Movimento pela Legalização da Maconha”, que promove a Marcha da Maconha na cidade.

Informação

Para a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (Cesec-UCAM), Julita Lemgrüber, a gravidade do problema está nas ruas. Ela destacou, em conversa com jornalistas, que o Estado do Rio registrou, no ano passado, 5.033 homicídios. É o equivalente a 13,7 casos por dia. A maioria deles, disse Lemgrüber, está relacionada a um modelo de confronto às drogas que julga “falido”.

— Se considerarmos que “vencer” as drogas é algo possível, vamos nos envolver com uma guerra em que morrerão pessoas de todos os lados. Um mundo mais seguro depende da legalização da produção, distribuição e consumo de todas as drogas ilícitas. Naturalmente esta medida será feita de maneira gradual, porque precisaremos de um grande investimento em campanhas de informação — acrescentou.

O vereador Renato Cinco assina embaixo:

— O ministro Barroso fez muito bem em chamar a atenção para a questão da guerra às drogas, que não aumentou em nada a segurança da população. Afinal, quanto mais matriculados nas “universidades do crime” que são nossas prisões tivermos, mais criminosos perigosos teremos nas ruas.

No Alaska

Em Juneau, capital do Estado norte-americano do Alaska, os irmãos James e Giono Barrett, representam um modelo de liberação da maconha que deu certo. Eles sonham com passageiros, que chegam em navios de cruzeiro que desembarcam ali para, um dia, em suas excursões, descontrair e fumar maconha na sua loja, a primeira de varejo da canabys sativa na cidade.

A maconha foi legalizada para uso recreativo no Alasca em 2016, mas seu uso ainda não foi regulamentado. A proposta dos irmãos é que as lojas possam, além de vender, oferecer pequenos lounges para consumo dos clientes. Propõem um estilo mais parecido com o que acontece em Amsterdã, na Holanda.

Oito Estados e o Distrito de Columbia já legalizaram o uso recreativo do cânhamo. Mas nenhum deles autoriza o consumo fora dos domicílios. Caso aprovada, a legislação valeria para qualquer loja, até aquelas que se instalarem perto dos portos. Porém, como ainda não está regulamentada, não se sabe quais as restrições que serão aplicadas para os donos dos estabelecimentos.

A ideia dos legisladores é atrair parte dos US$ 260 milhões dos cerca de um milhão de turistas. Eles chegam à cidade todos os anos, grande parte por navios de cruzeiro.

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